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Mais de mil pessoas compareceram à Sala São Paulo para ver Palavra e Utopia, na quarta-feira à noite. O filme de Manoel de Oliveira abriu oficialmente o evento que vai até 2 de novembro. Mas esse numeroso público não ficou até o final. Muita gente saiu no meio, reclamando das condições de som. A sala foi criada para abrigar concertos. Tem boa acústica - na verdade, tão boa que o alarido do público que ficou do lado de fora, à espera do coquetel, não prejudicou os que entraram. Mas a sala realmente não foi criada para ser um cinema. Há pontos em que o som fica inaudível, o que prejudica bastante um filme dialogado como o de Oliveira. O discurso do mestre português foi precedido pelo de Lima Duarte. O ator global é um dos três que interpretam o padre Vieira no filme. Duarte foi elegante. Disse que não ia falar, ou ia falar pouco, porque o mestre da palavra é Oliveira; ele preferia ficar com a utopia. Logo em seguida, o diretor disse que também preferia a utopia. Oliveira estava muito emocionado. Aliás, emociona-se com facilidade e, por isso, todo mundo se preocupa em resguardar o artista que, aos 91 anos, quase 92, é o mais velho diretor do mundo em atividade. Pode ser velho na idade, mas com certeza não o é em termos de disposição e entusiasmo. A banda Heartbreak forneceu o som para o coquetel. Oliveira queria que tocassem um charleston para abrir o baile. "Não há baile, não tem ninguém dançando", disse sua mulher, Maris Isabel, que o acompanha na visita ao Brasil com o neto, Rodrigo Trepa, ator do filme. Oliveira não sossegou enquanto não dançou. Programada para começar às 21 horas, a cerimônia de abertura atrasou quase uma hora. Foi apresentada pelo ator Sérgio Mamberti. Às 21h50 começaram os discursos - o do organizador da mostra, Leon Cakoff, os dos patrocinadores, o presidente da Petrobras (a holding) e da Vento, mais o secretário de Cultura do Estado e o representante do Ministério da Cultura, secretário José Álvaro Moisés. O filme mesmo começou por volta de 22h15. Como tem 133 minutos, terminou à 0h30. Só aí começou o coquetel.
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