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O cineasta português Manoel de Oliveira, de 92 anos, declarou em São Paulo sua admiração pelas telenovelas brasileiras. Mais velho cineasta do mundo em atividade, o realizador disse que a dramaturgia televisiva brasileira conseguiu criar um produto de tamanha qualidade e com tal personalidade que não deve nada ao cinema norte-americano nem ao europeu. Foi nas novelas brasileiras, aliás, que ele conheceu o trabalho do ator Lima Duarte, protagonista de seu filme Palavra e Utopia, que abriu ontem, para convidados, a 24ª Mostra Internacional de Cinema em São Paulo. O diretor disse que Lima foi sua primeira escolha. "Se o ator é o certo para aquele determinado papel, então só pode ser ele, porque são os atores que fazem o filme", definiu. "O realizar tem de se apagar por trás da câmera." Duarte interpreta o padre Antonio Vieira na maturidade nesta cinebiografia, que destaca a beleza dos sermões do religioso, um dos mais importantes intelectuais do século XVII. O filme tem nova exibição hoje à noite, na sala UOL, seguida de um debate com o diretor. Oliveira declarou sua admiração pelo falecido diretor Glauber Rocha. "Ele criou um estilo único no mundo a partir da realidade brasileira", explicou. O diretor também gosta do trabalho de Nelson Pereira dos Santos, mas julga-o mais europeu. Sobre seu próprio cinema, Oliveira não se considera um cineasta tipicamente português e sim universalista. Enérgico e muito ativo, Oliveira mantém há décadas a rotina de lançar um filme por ano. Já tem pronta uma nova produção, Vou Para Casa, e prepara o roteiro de um documentário, O Porto de Minha Infância, em que procura reencontrar as paisagens da cidade onde nasceu, em 1908, e onde mora até hoje.
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