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O nome de Stephen Frears nos créditos de Alta Fidelidade é uma surpresa. O diretor que traz no currículo dramas mais densos como Ligações Perigosas, Minha Adorável Lavanderia e O Segredo de Mary Reilly assina agora uma deliciosa comédia romântica. Conduzido por um protagonista obcecado por sua falta de sorte no amor, o filme apresenta um retrato de pessoas comuns, vivendo situações comuns, mas com direito a falas inteligentes. Além da abordagem "gente como a gente", o que garante empatia imediata, Alta Fidelidade agrada pela intimidade com que o protagonista se dirige à platéia. O mal-amado Rob Gordon, vivido por John Cusack, fala com o espectador como se estivesse conversando com um amigo. E ele ainda convida o público a reviver os seus melhores romances, enquanto faz uma retrospectiva de sua desastrada vida amorosa. Top five da desilusão E como Gordon é o proprietário da Championship Vinyl, uma loja de discos especializada em LPs, a música o ajuda a se lembrar dos relacionamentos e das mulheres. O roteiro até brinca com a importância da música pop no desenvolvimento psicológico das pessoas. A certa altura, Gordon não sabe mais se ele ouve música pop porque está com dor-de-cotovelo ou se ele está se sentindo mal por ouvir música pop. Da mesma maneira como o personagem passa a achar que a sua limitação emocional se deve ao seu fanatismo musical. Um quê de Allen A idéia de escolher os cinco mais em várias categorias vai longe, estendendo-se às cinco melhores músicas para curtir fossa ou mesmo para embalar um enterro. Essas eleições Gordon promove com a ajuda de seus dois amigos e assistentes, também fanáticos por música: Barry (Jack Black) e Dick (Todd Louiso). O que impulsiona Gordon a criar a lista dos rompimentos mais memoráveis é a mais recente tragédia conjugal: Laura (Iben Hjejle), sua namorada, acaba de trocá-lo pelo vizinho, o estranho Ian (em uma aparição rápida, porém divertida, de Tim Robbins). Graças às lembranças das ex-namoradas, desfilam pela tela a bela Catherine Zeta-Jones e a competente Lili Taylor. Engraçado observar como Cusack exibe um quê de Woody Allen, pois ele adora se autodepreciar e, quando discursa, parece estar sob o efeito de cafeína ou de outro estimulante. A diferença é que Cusack deixa transparecer sua insegurança da maneira mais charmosa possível. Até mesmo quando confessa suas derrapadas no campo amoroso, algumas graves, ele é adorável.
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