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Stephen Frears fica mais leve na fábula pop e romântica "Alta Fidelidade"
O diretor de histórias densas dá guinada em sua carreira com desventuras amorosas de jovem


O nome de Stephen Frears nos créditos de Alta Fidelidade é uma surpresa. O diretor que traz no currículo dramas mais densos como Ligações Perigosas, Minha Adorável Lavanderia e O Segredo de Mary Reilly assina agora uma deliciosa comédia romântica.

Conduzido por um protagonista obcecado por sua falta de sorte no amor, o filme apresenta um retrato de pessoas comuns, vivendo situações comuns, mas com direito a falas inteligentes.

Além da abordagem "gente como a gente", o que garante empatia imediata, Alta Fidelidade agrada pela intimidade com que o protagonista se dirige à platéia. O mal-amado Rob Gordon, vivido por John Cusack, fala com o espectador como se estivesse conversando com um amigo.

E ele ainda convida o público a reviver os seus melhores romances, enquanto faz uma retrospectiva de sua desastrada vida amorosa.

Top five da desilusão
Essa retrospectiva, aliás, é a alma do filme. Alta Fidelidade, com exibições no dia 20, às 21h50 (Cinemateca), 22, às 21h55 (Cinearte 1) e 23, às 21h10 (Market Place 8), destoa das demais produções do gênero por esse aspecto curioso e sugestivo. Propõe uma lista com os "top five" do protagonista, ou seja, com os cinco maiores foras que ele levou na vida, as separações mais dolorosas.

E como Gordon é o proprietário da Championship Vinyl, uma loja de discos especializada em LPs, a música o ajuda a se lembrar dos relacionamentos e das mulheres. O roteiro até brinca com a importância da música pop no desenvolvimento psicológico das pessoas. A certa altura, Gordon não sabe mais se ele ouve música pop porque está com dor-de-cotovelo ou se ele está se sentindo mal por ouvir música pop. Da mesma maneira como o personagem passa a achar que a sua limitação emocional se deve ao seu fanatismo musical.

Um quê de Allen
A produção, que não surprende por sua excelente trilha sonora, é recheada de sacadas inteligentes e falas divertidas. Inspirado pelo livro de Nicky Hornby, Cusack escreveu o roteiro com três colaboradores: D.V. DeVincentis, Steve Pink e Scott Rosenberg. E o quarteto explorou muito bem o conceito dos top five.

A idéia de escolher os cinco mais em várias categorias vai longe, estendendo-se às cinco melhores músicas para curtir fossa ou mesmo para embalar um enterro. Essas eleições Gordon promove com a ajuda de seus dois amigos e assistentes, também fanáticos por música: Barry (Jack Black) e Dick (Todd Louiso).

O que impulsiona Gordon a criar a lista dos rompimentos mais memoráveis é a mais recente tragédia conjugal: Laura (Iben Hjejle), sua namorada, acaba de trocá-lo pelo vizinho, o estranho Ian (em uma aparição rápida, porém divertida, de Tim Robbins). Graças às lembranças das ex-namoradas, desfilam pela tela a bela Catherine Zeta-Jones e a competente Lili Taylor.

Engraçado observar como Cusack exibe um quê de Woody Allen, pois ele adora se autodepreciar e, quando discursa, parece estar sob o efeito de cafeína ou de outro estimulante.

A diferença é que Cusack deixa transparecer sua insegurança da maneira mais charmosa possível. Até mesmo quando confessa suas derrapadas no campo amoroso, algumas graves, ele é adorável. (Agência Estado)

 

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