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"Amor à flor da pele" dá aula de moda



Na confusa Hong Kong dos anos 60, dois casais se mudam para um mesmo prédio e uma história de descobertas e intercâmbios amorosos se desenrola. O filme, que acompanha de perto os vizinhos Chow Mo-Wan e Su Lizhen, logo é invadido por um terceiro personagem: o estilo.

Talvez a história de Amor à Flor da Pele não seja exatamente uma novidade no mundo cinematográfico, apesar de tratada com delicadeza bastante particular pelo diretor Wong Kar-Wai, o mesmo de Felizes Juntos. Mas o lugar privilegiado que ocupam o figurino, o design e a fotografia é sem dúvida algo incomum em produções do gênero, que tornam o filme em um delicioso documento sobre a moda do início dos anos 60.

De fato, a personagem Su Lizhen quase que invariavelmente aparece na tela como um manequim, uma modelo inspirada no melhor estilo Jackeline Onassis. O figurino não poderia ser outro: vestidos estreitos, mal cobrindo os joelhos, com motivos em listras e florais, exprimindo a popularidade que pernas e barras mais curtas ganharam na época; saias retas em conjunto com cardigans tricotados e as mangas ¾. Tudo, é claro, nos tecidos que fizeram história na época, como as variantes do náilon, fibras acrílicas e a brilhante fibra metálica lurex.

Até mesmo o cabelo de Su foi pensado minuciosamente, com um penteado arredondado e armado, levando algumas mechas à testa, que realça o exotismo dos traços chineses da atriz Maggie Cheung Man-Yuk e que, apesar de não ter sido mostrado no filme, nos anos 60 teria sido feito com alguns bobs bem aplicados. Os cabelos são também um dos principais indicadores do momento em que o filme chega à metade da década, uma vez que ela passa a usá-los mais cumpridos e lisos.

Outros conceitos estéticos são estendidos ainda para a locatária de Su, cujo vestuário mistura o corte da época e resquícios dos anos 50, sem deixar os joelhos à mostra, e até mesmo para Chow (Tony Leung Chu-Wai), com suas gravatas estreitas e estampadas.

Mas a atmosfera do filme não estaria completa sem os cenários dos quartos dos personagens, com móveis de madeira dos anos 50 misturados a cortinas vermelhas e elementos decorativos em plástico colorido, que assim como as poses dos protagonistas, são incessantemente explorados pela fotografia, porém em ângulos luzes e momentos variados, evitando que o espectador se canse.

E para dar o ar politizado típico dos anos 60, "Amor à Flor da Pele" traz ainda aspectos da conjuntura de Hong Kong, que nos anos 60 passava por momentos de incerteza, já que a Revolução Cultural na China estimulava sua retomada dos britânicos pelo gigante asiático, o que se torna um pano de fundo interessante para a história e o estilo de Chow e Su Lizhen. (Agência Estado)

 

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