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Retrospectiva Feuillade traz a mítica Musidora
As estripulias de Musidora no cinema de Feuillade são atrações muito especiais desta terça

A lendária Musidora,
sempre com seu
collant negro

Tanta importância está sendo atribuída às retrospectivas de Buñuel e Satyajit Ray nessa mostra que a de Feuillade está sendo relegada a um injusto segundo plano. Ela ocorre na sala UOL, do meio-dia às 17h30, exibindo três filmes da série Vampiros. O Espectro/A Evasão da Morte, Satanás/O Mestre do Espanto e Os Olhos Que Fascinam vão revelar, para quem nunca viu o cinema do pioneiro que os críticos gostam de chamar de "Griffith francês". Com ele poderá ocorrer outra revelação, a da lendária Musidora, sempre com seu collant negro.

Ambos são pseudônimos. Feuillade, na verdade, era Lunel Hérault e Musidora, Jeanne Rogues. Ele era um homem de cultura que, no cinema, começou como assistente da primeira mulher a exercer a direção - Alice Guy. Feuillade foi diretor artístico dos Estúdios Gaumont, no começo do século. Criou a série Film Esthétique, quando os filmes de arte entraram na moda, mas nunca deixou de considerar o cinema como um entretenimento das massas. Dele se diz que gostava de servir ao gosto do público. Fazendo-o criou a obra que o consagrou como um dos grandes pioneiros do cinema europeu.

Séries - Os primeiros filmes foram cômicos, depois ele fez uma série que batizou como Cenas da Vida Real e logo outra série cômica com o personagem Bébé. Estava aquecendo-se para as séries que fizeram sua glória - Fantomas e Les Vampires. A primeira narrava as fantásticas aventuras do personagem criado em 1911 por Pierre Souvestre e Marcel Allain. Foram feitos cinco filmes. Quando a série entrou em declínio, Feuillade iniciou outra - a dos vampiros. Nela, o papel principal é de uma mulher, Musidora, com sua graça frágil e sinuosa que criou, talvez, o primeiro grande mito sexy do cinema da França. Musidora é uma figura tão importante do cinema francês do começo do século que o crítico Olivier Assayas, passando à direção, dedicou-lhe um filme interpretado pela estrela de Hong Kong, Maggie Cheung, com quem se casou.

Por sua vertente popular, pelo tom melodramático e até pelo mau gosto das histórias e situações, Feuillade nunca conseguiu atrair os primeiros críticos, que se pretendiam sérios. A primeira grande revalorização veio com os surrealistas - o grupo de André Bréton tinha-o na conta de gênio. Passaram-se os anos, Feuillade caiu de novo no esquecimento, mas nos anos 40 foi resgatado como poeta da urbe. Desde então, nunca decaiu do seu panteão de cineasta popular fundamental. As estripulias de Musidora no cinema de Feuillade são atrações muito especiais desta segunda. A poesia urbana desses filmes lhes confere um valor quase profético de documentos.

Por mais significativos que sejam esses documentos, a Mostra, se abre uma janela para o passado, pretende também, e principalmente, abrir espaço para as perspectivas do cinema mundial atual. (O Estado de S.Paulo)

 

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