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Desde que chegou a São Paulo, o diretor alemão Hendrik Handloegten, de 32 anos, se empanturra de Chokito e Guaraná. Isso porque o chocolate e o refrigerante produzidos no Brasil levam o diretor convidado da 24ª Mostra Internacional de Cinema de volta à infância. Filho de diplomata, Handloegten morou no País dos 5 aos 9 anos. "Aprendi a falar e escrever em português. Mas já esqueci tudo." O diretor de Paul Está Morto, seu longa-metragem de estréia, está ansioso para visitar o bairro onde viveu, Campo Belo. "Lembro-me vagamente das ruas onde passei a infância. Também guardo recordações do Morumbi, onde estudei no colégio Porto Seguro", conta Handloegten, que deve estar presente na sessão de Paul Está Morto de hoje, às 21h10, no Masp. O cineasta só traz uma única lembrança ruim do Brasil: a asma. "Comecei a sofrer da doença aqui. Foi por isso que minha família se mudou na seqüência para a Suíça, onde não há poluição", revela Handloegten, que deu um jeito de incluir o Brasil em seu filme, fazendo rápida menção. O protagonista de Paul Está Morto é um garoto alemão em férias longe da mãe, que viajou para o Brasil. Lenda do rock - O título, essencialmente autobiográfico, busca inspiração no boato que originou uma das mais intrigantes lendas do rock: a suposta morte de Paul McCartney. A trama é ambientada em 1980, quando Handloegten, então com 12 anos, toma conhecimento do boato sobre o acidente fatal com o ex-Beatle - McCartney teria sido decapitado em desastre de carro, em 1966. "Como eu nunca ouvi o desmentido na rádio, por estar viajando com minha família, fiquei com a história na cabeça por muitos e muitos anos", conta o diretor, que escolheu esse episódio pela oportunidade de retratar sua infância e o seu fanatismo pelos Beatles ao mesmo tempo. "A banda está sempre presente nas minhas recordações." Formado na German Film and Television Academy, Handloegten conseguiu um feito raro em Paul Está Morto: reunir canções originais dos Beatles na trilha sonora do filme. Isso só foi possível porque a TV que financiou o projeto, a ZDF, a maior da Alemanha, já garantiu os direitos de toda a obra do grupo inglês. "Isso significa que o filme pode ser exibido nessa emissora a qualquer hora." Só que a estréia de Paul Está Morto nos cinemas, em circuito comercial, está condicionada a uma difícil negociação. A solução seria sensibilizar Paul McCartney com o filme e conseguir os direitos de graça. Um recente contato que o diretor realizou nesses últimos dias, durante a Mostra, o deixou esperançoso. "Conheci Julian Schnabel (diretor de Antes do Anoitecer), amigo de McCartney. Ele se ofereceu para entregar uma cópia do título ao cantor. Quem sabe essa passagem por São Paulo não muda a história do meu filme..."
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