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Gérard Depardieu amarga desilusão em "Vatel"


Gérard é Vatel: o banqueiro
da corte que é traído pela
nobreza (Divulgação)

Vatel, com primeira exibição hoje na Mostra, abriu em grande estilo o último Festival de Cinema de Cannes em sessão hors-concours.

Dirigida pelo britânico Roland Joffé, vencedor da Palma de Ouro de 1986 com A Missão, essa tragédia burlesca capricha tanto na sofisticação de seus personagens, figurinos e cenários quanto na crueldade que permeia a trama.

Ao contar a história de Vatel, um banqueteiro do século 17 vivido por Gérard Depardieu, essa superprodução francesa (falada em inglês) celebra as coisas boas e sensuais da vida, com destaque para as excentricidades culinárias. Só que, enquanto encanta o espectador com seqüências de banquetes suculentos, espetáculos teatrais, de dança, e até fogos de artifício, o filme tece a desgraça de um homem decente. Talvez decente até demais.

A ação tem início em 1671, quando o rei Luís 14 (Julian Sands) governa no Palácio de Versalhes - tendo como braço direito o dissimulado marquês de Lauzun (Tim Roth). Na falta de coisa melhor para fazer, o rei decide passar três dias no castelo do Príncipe de Condé (interpretado por Julian Glover).

Mesmo estando endividado até o pescoço, o príncipe é obrigado a gastar na acolhida e festas oferecidas ao rei. Até porque ele almeja ser indicado para liderar o exército francês na esperada guerra com a Holanda.

Lealdade canina - Como coordenador das festividades e criador das delícias gastronômicas, o príncipe nomeia Francois Vatel, um homem bondoso e de alma serviçal.

Enquanto prepara os dias de extravagância com lealdade canina, ele se apaixona pela bela cortesã Anne de Montausier (Uma Thurman), que é alvo de assédio tanto do rei quanto do perverso Lauzun.

Depardieu abraça o papel com a competência que lhe é peculiar. Ele convence tanto como mago da culinária quanto como homem bondoso. Vatel chega a resgatar um menino que estava na mira do irmão do rei, o homossexual Philippe d'Orleans (Murray Lachlan Young), e a salvar os pássaros de Anne da faca, oferecendo suas aves de estimação para satisfazer o paladar real.

Mas nada disso conta a seu favor, quando Vatel precisa de compaixão. Por mais que sua lealdade seja genuína, o banqueteiro descobre que a civilidade da nobreza não passa de uma encenação. Uma peça qualquer, como aquelas que ele esmeradamente preparou para o rei.

Cinearte 1 (tel.: 285-3696), hoje, às 20 h. Cinesec ( tel.: 3082-0213), quinta, às 21h35. Masp (tel.: 251-5644), domingo, às 18h40. (O Estado de S. Paulo)

 

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