|
Diretora de "Sabor da Paixão" procurava nova Sônia Braga
Fina Torres diz ter ficado apaixonada pelo Brasil e pela MPB
|
Penelope e Murilo Benício, protagonistas do filme (Phil Bray/ Divulgação)
|
A morena brasileira do filme Sabor da Paixão (Woman on Top), que chega hoje aos cinemas de São Paulo, é madrilenha e musa de Pedro Almodóvar. Penelope Cruz, a sensação do cinema espanhol - e agora de Hollywood -, foi a atriz que a cineasta venezuela Fina Torres escolheu para interpretar uma chef de cozinha baiana que pega o marido traindo-a em Salvador e se manda para São Francisco, onde se torna celebridade de TV com programa de culinária. "Procurava uma nova Sônia Braga no Brasil, mas não achei nenhuma", explica Fina em entrevista. "A única atriz com jeito de inocente e uma queda para o pecado veio mesmo é da Europa." Fina, que nasceu em Caracas, mas mora em Paris há 24 anos, dirigiu dois filmes: Oriana, que venceu o prêmio Camèra d'Or no Festival de Cannes, e Mecanismo Celeste. Ela disse que resolveu filmar seu terceiro filme no Brasil depois de ficar "intoxicada" pelo País. Por que Penelope Cruz? Conheço Penelope há muito anos. Depois de vê-la em Sedução (Belle Époque) e Jamón, Jamón, comecei a seguir sua carreira. Quando li o roteiro, pensei imediatamente nela. Penelope tem essa luz, essa beleza, essa sensualidade, essa pureza que vi muito no Brasil. Na verdade, estava procurando pela nova Sônia Braga. E somente Penelope pôde me passar esse lado tão sexy e inocente ao mesmo tempo. Como foi a seleção do ator Murilo Benício? A gente estava procurando desesperadamente por Toninho. Fui ao Brasil e alguns amigos locais como Paulinha Lavigne - ela e Caetano me hospedaram em sua casa em Salvador - e Monique Gardenberg sugeriram o Murilo. Eles me mostraram um pedaço de filme em que ele era um padre (O Monge e a Filha do Carrasco) e outro em que era meio gângster. Fiquei intrigada pelo lado camaleão dele. E eles me disseram que Murilo falava um inglês fluente. Era isso o que precisava ouvir. Eles fizeram um teste no Brasil e me mandaram a fita. O teste não ficou bom, mas eu sabia que era Murilo. Foi uma luta com o estúdio. Disse que Murilo era o melhor. Eles decidiram, então, trazê-lo para Los Angeles. Ele foi até a Fox e fez um teste para nós. Lembro-me muito bem, pois foi um grande momento. Ele foi tão bacana, tão doce. Foi muito duro para ele, pois geralmente os diretores de elenco nos EUA podem ser muito rígidos. Ele foi tão bem no teste. Finalmente conseguiu o papel. Murilo tem uma coisa muito nobre, pois ele é um cara romântico. Quando digo isso, não estou me referindo ao lado ridículo do romantismo. Ele é um cara sensível, profundo e reflexivo. A MPB tem papel muito importante dentro da trama. Como escolheu as músicas? Foi um grande desafio. A primeira coisa que fiz foi procurar pessoas para me ajudar, como esse magnífico músico chamado Heitor Pereira, que foi guitarrista do Simply Red. Ele tem uma das maiores coleções de MPB em sua casa, em Los Angeles. Com ele aprendi todas as variações da música brasileira, dos anos 20 até agora. Depois, naturalmente, quando fui ao Brasil, tive um grande produtor. É difícil ir a seu País e não se apaixonar por ele ou por sua música.
(O Estado de S. Paulo)
|