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Corra. Ainda há tempo para assistir a alguns dos bons filmes que vieram para a 24ª Mostra Internacional de São Paulo, até o encerramento, na quinta-feira. Alguns destaques dessa Mostra já não podem mais ser vistos, como Paul Está Morto, Princesa, Billy Elliot, Ano Novo Com Neve, Amores Perros, O Filho de Jesus e Uma Relação Pornográfica, todos presentes na lista dos filmes finalistas escolhidos por voto popular, entre os quais será definido, pelo júri, o ganhador do Troféu Bandeira Paulista. Da lista ainda sobram Bicho de 7 Cabeças, Capitães de Abril, Djomeh, Feliz Acidente e Tempo de Embebedar Cavalos. Bicho de Sete Cabeças é a estréia em longa-metragem da diretora paulistana Laís Bodanski. Laís se destacou bastante no meio curta-metragista e documentarista, por filmes como Cine Mambembe, o Cinema Descobre o Brasil, que dirigiu ao lado do marido Luiz Bolognesi, que recebeu prêmios em Gramado e no Festival É Tudo Verdade. Seu longa conta de modo realístico a atual situação do sistema de manicômios no Brasil, através dos olhos de um adolescente que é internado pelo pai num asilo. Maria de Medeiros também compete com seu primeiro longa, Capitães de Abril. Nele, a poesia da Revolução dos Cravos - o levante militar que tirou a ditadura salazarista de Portugal, em 1975 - é tratado pela diretora com viés particular, pois ela era criança, filha de um dos rebeldes, e viu tudo de perto. Inserido numa ótica lírica e nostálgica, o filme revela o talento de Maria também atrás das câmeras (como atriz, destacou-se mundialmente por ser bem quista e requisitada pelo diretor espanhol Pedro Almodóvar). Dois iranianos integram a lista de finalistas, e ainda se pode ver ambos: Djomeh e Tempo de Embebedar Cavalos. O primeiro, obra de estréia de Hassan Yekpatanah (ex-assistente de Kiarostami), conta a história do jovem afegão Djomeh, que atravessa todos valores iranianos em busca de sua paixão. No segundo, o diretor Bahman Ghobadi conta a história de um grupo de crianças órfãs que se sacrificam na busca de uma cura para a rara doença que sofre o menor dos irmãos. Os dois filmes dividiram, em Cannes, o prêmio Caméra d´Or, sendo que Tempo de Embebedar Cavalos foi recentemente anunciado como representante do Irã à vaga para indicação ao Oscar 2001 de Melhor Filme Estrangeiro. O longa americano Feliz Acidente revela o mais experiente dentre os diretores na competição: Brian Anderson. Este já é o seu terceiro longa, e vem de uma renomada carreira no cinema independente americano, com boas participações no Festival de Sundance. O filme conta a história de Ruby Weaver (Marisa Tomei), que se apaixona por um sujeito que vem do futuro avisá-la sobre sua morte. Fora de Competição - Paralelamente aos flmes que disputam a premiação pelo júri, ainda há filmes que merecem destaque. Entre eles, Crazy English, do chinês Zhang Yuan; o brasileiro 2000 Nordestes, de David França e Vincente Amorim; Código Desconhecido, do francês Michael Haneke (com Juliette Binoche); e O Jantar, do italiano Ettore Scola (constatação de cenas de um restaurante, onde seus clientes, como Fanny Ardant e Vittorio Gassman, discutem pequenas coisas do cotidiano). Há também Downtown 81, um documentário americano sobre Basquiat do italiano Edo Bertoglio; O Quadro-Negro, segundo filme da diretora iraniana Samira Makhmalbaf (de A Maça, 1998); Erva, um documentário historiográfico sobre a maconha, do canadense Ron Mann; Fama Para Todos, uma espirituosa comédia do belga Dominique Deruddere; e Cavalgada com o Diabo, do diretor taiwanês de Hollywood Ang Lee. Ainda vale assistir à Vatel, último filme do francês Roland Joffé (de Os Gritos do Silêncio e A Letra Escalarte), que conta com Uma Thurman e Gérard Pardieu no elenco. É um filme de época, que se passa no século 17, e conta uma conturbada história de amor e guerra. Para quem gostou de Paul Está Morto, e quer continuar a saber as novidades do cinema alemão, Três Chineses e um Contrabaixo, de Klaus Kraemer, é uma boa pedida. Há chances do filme estrear em circuito (poderá ser distribuído pela Fox), mas para quem não quiser arriscar esperar, vai se divertir com a história (manjada, mas muito bem reciclada) do grupo de amigos que tenta se livrar de um cadáver. Sex Pistols também estão no cinema, no documentário O Lixo e a Fúria, do inglês Julien Temple. Como uma espécie de continuação do seu documentário de 1979, The Great Rock´n´Roll Swindle, Temple retorna aos Pistols para contar a trajetória da banda e sua influência no cenário musical do mundo, com muitas cenas de arquivo e boa parte de material ainda desconhecido. Rosatigre, do italiano Tonino de Bernardi, também estará nos cinemas até quinta, e é o segundo filme a contar, nessa Mostra, as experiências de um travesti na Itália (o outro é Princesa, que está entre os finalistas). É interessante conferir este trabalho de Bernardi, diretor usual da Mostra, que já nos apresentou o ótimo Pequenos Horrores, em 1994. O polonês Wojaczek também é interessante. Um dos escritores mais famosos na Polônia dá título ao filme que conta a sua biografia. Wojaczek suicidou-se aos 26 anos, e é comparado, em sucesso e atitude, a Jim Morrison e Jean-Michel Basquiat. Atuações sinceras num filme com estilo, densidade e arte em equilíbrio. Para quem ainda não conseguiu, há também a oportunidade de assistir ao belo Palavra e Utopia, do sábio português Manoel de Oliveira. Um filme que conta, com carinho ao texto, a vida do Padre Antônio Vieira, que viveu no Brasil e defendeu os interesses dos índios e dos negros frente à ambição colonizadora.
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