Busca

Pressione "Enter"

Cobertura completa Sites de cinema Grupos de discussão Colunistas Os melhores filmes Notas dos filmes Todos os filmes Roteiro de cinema O que está passando no Brasil



"Sangue Vivo" explora relação entre irmãos
Edoardo Winspeare ambienta no sudeste italiano seu drama de cunho documental


Clima local é o que você vai ter em abundância no italiano Sangue Vivo, de Edoardo Winspeare. Tudo se passa no sudeste da Itália, onde vive Pino Zimba, vendedor de frutas, que faz uns bicos meio esquisitos para complementar o orçamento: contrabandeia cigarros da Albânia. Mas, é como se sabe. Quem traz cigarros pode se sentir tentado a trabalhar com outro tipo de mercadoria.

E Zimba tem problemas demais na vida. A começar pela consciência culpada pela morte suspeita do pai, terminando com o irmão, Donato, um estróina envolvido com drogas pesadas. Donato, que é percussionista, resolve pirar de vez na véspera de gravar um CD de músicas típicas com Zimba e amigos.

Não há dúvida de que Sangue Vivo é apenas um pequeno filme, sem grandes pretensões. Há nele, entretanto, algumas qualidades insuspeitadas, que vão além da tal cor local de que se falou acima. Por exemplo, o relacionamento entre irmãos é apresentando com toda veracidade. Zimba e Donato partilham um amor fraterno, que não exclui o ciúme ou a rivalidade. No ambiente semicriminal em que vivem, esses sentimentos parecem mais acirrados, talvez mais verdadeiros, porque aparecem em estado bruto, quase sem verniz cultural. Winspeare, cineasta relativamente jovem (nasceu em 1965) explora com habilidade esse ambiente apaixonado e sensual que parece conhecer tão bem.

Trabalhando às vezes num registro quase documental, o diretor consegue atingir aquele ideal do cinema realista, que é a autenticidade. Acredita-se na história, acredita-se naquele sotaque típico da região, nos personagens principais e naquela típica situação social do sudeste: a Itália próxima da Albânia, transformada em terra da promissão por um país em crise no pós-comunismo. Essa inversão de perspectivas dos italianos - de país exportador de mão-de-obra tornou-se objeto de desejo de imigrantes - já foi trabalhado, de maneira mais direta, em América, de Gianni Amelio. Em Sangue Vivo essa nova realidade é apenas um pano de fundo. Mas trata-se daquele tipo de detalhe que faz toda a diferença no resultado final. (O Estado de S. Paulo)

 

Copyright © 1996-2000 Terra Networks, S.A. Todos os direitos reservados. All rights reserved.