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O Brasil participa com cinco longas-metragens de ficção no mais importante espaço mundial dedicado ao cinema latino-americano, o Festival Internacional de Havana, que se realiza de 5 a 15 de dezembro. São eles: Através da Janela, Condenado à Liberdade, Estorvo, Eu Tu Eles e O Dia da Caça, todos já experimentados em outros festivais ou no circuito comercial, com exceção do inédito Condenado à Liberdade, de Emiliano Ribeiro. O Brasil participa ainda com curtas-metragens (3 Minutos, Ano Novo, BMW Vermelho, Entre Quatro Paredes, Filme de Família e Os Outros) e documentários (Rap do Pequeno Príncipe contra as Almas Sebosas, O Sonho de Rose e Os Carvoeiros). Neste segmento, em particular, o Brasil tem boas chances: dos seis documentários inscritos, três são do País. Melhor ainda: os representantes concentram-se disciplinadamente na temática social, o que sempre é bem-vindo no festival cubano. Rap do Pequeno Príncipe, de Paulo Caldas e Marcelo Luna, fala da criminalidade resultante dos contrastes sociais das grandes cidades. O Sonho de Rose, de Tetê Moraes, evoca um capítulo bem-sucedido na luta pela terra. E Os Carvoeiros, de Nigel Noble, preocupa-se com a denúncia das condições de trabalho em uma profissão particularmente árdua. Cabe lembrar que O Sonho de Rose é uma espécie de desdobramento de um longa-metragem anterior de Tetê, Terra para Rose, este já premiado em Havana. O Brasil estará presente também nos vários corpos de jurados escalados pelo festival. No de documentários, figura o cearense Wolney Oliveira, que foi aluno da tradicional Escuela de San Antonio de Los Baños, próxima da capital cubana. Renata Palotini está no júri de roteiros, o jornalista Ricardo Cota vota no prêmio da Fipresci (a federação internacional dos críticos) e Cireneu Kunh participa do júri do Ocic, o ofício católico do cinema. Tradicionalmente, o Festival de Havana caracteriza-se pelo gigantismo. São centenas de filmes, em concurso ou não, espalhados por vários cinemas da capital. Este ano a mostra está mais enxuta, pelo menos em sua parte competitiva. São "apenas" 32 longas-metragens de ficção em concurso, contra cerca de 80 ou 90 de versões anteriores. O Brasil vem com cinco. A Argentina, tradicional concorrente, chega com oito e, entre estes, alguns pesos pesados, como o mais recente trabalho de Eliseo Subiela, Las Aventuras de Dios, e o movimentado Plata Quemada, de Marcelo Piñeyro, baseado em livro de Ricardo Piglia. Mas não se pode dizer que o Brasil não tenha condição de enfrentá-los com títulos de impacto como Estorvo, de Ruy Guerra, ou Através da Janela, de Tata Amaral. Ou mesmo com Eu Tu Eles, de Andrucha Waddington, filme mais simpático e popular e já indicado pelo País para a corrida ao Oscar. A decisão de resumir as mostras competitivas não tirou de Havana a vocação para os grandes números. O festival, em sua 22ª edição, continua a apresentar atrações para todos os gostos. Por exemplo, o peruano Francisco Lombardi concorre com seu novo longa, Tinta Roja, ao mesmo tempo em que recebe a homenagem de uma retrospectiva completa de obra, com títulos como Muerte de um Magnete, La Boca del Lobo, Caídos del Cielo, La Ciudad y los Perros e Pantaléon y las Visitadoras, os dois últimos baseados em livros do seu compatriota Mario Vargas Llosa. Ganha uma discreta homenagem o ator italiano Vittorio Gassman, morto recentemente, e o diretor francês Robert Bresson é alvo de retrospectiva, esta sim consistente, com sete títulos, todos fundamentais. A organização do Festival de Havana prevê ainda mostras abrangentes da produção contemporânea de países como Alemanha, Canadá, Espanha, França e Itália. E, last but not least, do cinema norte-americano. Não de Hollywood, claro, mas da produção assim chamada independente, cujas temáticas e enfoques parecem mais adequados na terra de Fidel.
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