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Festival de Cinema de Brasília tem 6 filmes na disputa


Cena de "Bicho de Sete Cabeças", de Laís Bodanzky

Dos seis filmes que integram a mostra competitiva do 33.º Festival de Brasília do Cinema Brasileiro, que começa amanhã (21), quatro já foram exibidos em eventos como o Festival do Rio BR 2000 e a Mostra Internacional de Cinema São Paulo. Só dois são inéditos, justamente os que mais despertam expectativa ou curiosidade. Só um deles poderá impedir o que se antecipa como quase certo -Laís Bodanzky já pode começar a limpar a prateleira, arranjando lugar para o Candango ou os Candangos que vai receber por "Bicho de 7 Cabeças". Além de muito bom, o filme é daqueles que, pela força e pelo impacto, deve levantar a platéia jovem de um festival politizado como o de Brasília.

Mas, enfim, é sempre arriscado fazer qualquer tipo de previsão, ainda mais num festival como esse, em que o júri tem uma tradição de premiações equivocadas. Espera-se que este ano o júri integrado por Rogério Sganzerla, Suzana Amaral, José Eduardo Belmonte, Wilson Cunha, Betse de Paula e Maria Lúcia Dahl faça a coisa certa. Dos filmes já conhecidos, "Brava Gente Brasileira", de Lúcia Murat, e Tônica Dominante, de Lina Chamie têm qualidades e podem aspirar a prêmios. O mesmo não se pode dizer de "Minha Vida em Suas Mãos" - o mais fraco dos filmes selecionados coloca um problema sui generis. É apresentado como um filme de Maria Zilda Bethlem (atriz e produtora) dirigido por José Antônio Garcia. Os completamente inéditos - e cercados de expectativa - são "Latitude Zero", de Toni Venturi, e "O Chamado de Deus", de José Joffily.

Nunca, nem nos áureos tempos da Embrafilme, tantos filmes foram submetidos à comissão de seleção. Foram mais de 20, exatamente 22, dos quais foram selecionados os seis longas que concorrem aos troféus Candango e aos prêmios em dinheiro - R$ 50 mil para o melhor filme, R$ 8 mil para o melhor diretor, R$ 5 mil para o melhor ator e a melhor atriz, R$ 3 mil para os melhores coadjuvantes (masculino e feminino), e R$ 2 mil nas categorias restantes - roteiro, fotografia, direção de arte, trilha sonora e montagem. Outro ineditismo do festival deste ano é que nunca houve paridade entre diretores e diretoras. Desta vez, há três diretoras -Laís, Lina e Lúcia - e três diretores - Garcia, Venturi e Joffily. Considerando-se o crédito de "Minha Vida em Suas Mãos", Brasília chega ao ano 2000 e à sua 33.ª edição sob o signo do feminismo.

Criado pelo crítico e pesquisador Paulo Emílio Sales Gomes, o Festival de Brasília, até por ocorrer à sombra do poder costuma ser o mais politizado do País. Foi o canal difusor do Cinema Novo e do cinema marginal, para citar apenas duas importantes manifestações que marcaram época no cinema nacional. No começo dos anos 70, os mais duros do regime militar, esteve três vezes sob censura. Ao contrário de Gramado, que enfrentou a crise da drástica redução da produção após a era Collor abrindo-se para concorrentes latinos, Brasília permaneceu sempre uma vitrine do cinema brasileiro, abrigando só filmes nacionais em sua competição.

O Festival de Brasília 2000 será inaugurado amanhã com a exibição, fora de concurso, do documentário "Barra 68", de Vladimir Carvalho. Na quarta, começa a mostra competitiva, que vai até dia 27, inclusive. O festival termina no dia 28, com o anúncio dos vencedores. A mostra de curtas inclui 12 títulos, que serão exibidos à razão de dois por noite. São eles: "A Sintomática Narrativa de Constantino", de Charles Dowling, "Outros", de Gustavo Spolidoro - que chega a Brasília com o aval do prêmio de melhor no Festival Mix Brasil, encerrado no domingo -, "Tropel", de Eduardo Nunes, "É o Bicho", de Sylas Andrade, "Brennand - De Ovo Omina", de Liz Donovan, "Almas em Chamas", de Arnaldo Galvão, "O Sanduíche", de Jorge Furtado, "Pixaim", de Fernando Belens, "Sinistro", de René Sampaio, "Sargento Garcia", de Tutti Gregianin, "Os Filhos de Nelson" de Marcelo Santiago, e "Célia e Rosita", de Gisella de Mello.

Os curtas também concorrem a prêmios em dinheiro - R$ 15 mil para o melhor filme, R$ 5 mil para o melhor diretor, R$ 3 mil para o melhor ator e a melhor atriz e R$ 2 mil nas três categorias restantes - melhor fotografia, roteiro e montagem. O melhor curta escolhido pelo júri popular leva R$ 10 mil e o melhor longa, R$ 20 mil. Na quinta, começa a programação de curtas em 16 mm, que deve prosseguir até segunda-feira, num total de 29 títulos. Várias atividades paralelas estão programadas. O diretor argentino Fernando Solanas ministra, de qyarta a sábado, no Hotel Nacional, o workshop Introdução à Realização Cinematográfica. Também na quarta, será inaugurada, no Espaço Cultural Renato Russo, uma exposição de fotos da atriz Dina Sfat. Na sexta, pela manhã e à tarde, ocorre o Forum Internacional de Co-Produção Cinematográfica. Na sexta e no sábado, o Centro de Pesquisadores do Cinema Brasileiro promove um encontro, também no Hotel Nacional. E há mais - um seminário sobre o processo de criação do filme documentário, promovido pela Riofilme e pela revista Cinemais, e duas oficinas de desenho animado com os cubanos Ernesto Padrón Blanco e Juan Ruiz Suárez. Serão sete dias de festa, mas também de muito trabalho. Vem sendo assim desde a criação do festival, que começou nos anos 60, sem caráter competitivo, com ênfase em mostras informativas, em retrospectivas e cursos e debates, só depois sendo instituídos os Candangos que tanta disputa produzem, todos os anos. (Agência Estado)

 

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