A comédia Miss Simpatia é mais um veículo mal calculado para essa atriz de garra que é Sandra Bullock, que também faz as vezes de produtora do filme. Vindo na esteira de decepções como Forças do Destino e 28 Dias, o filme confirma a idéia de que a produtora nem sempre sabe o que é melhor para a atriz. Teoricamente, a heroína do filme -- uma agente do FBI sem firulas e pronta para o que der e vier que é obrigada a disfarçar-se de finalista de um concurso de beleza -- parece ser ideal para Bullock. Na realidade, porém, trata-se de um papel menor, mais adequado a uma novata do que a uma atriz de nome já consagrado.
Gracie Hart, de 30 e poucos anos, trabalha numa operação sigilosa do FBI, comete erros e é relegada a um trabalho burocrático por seu chefe McDonald (Ernie Hudson). Ao mesmo tempo, infelizmente, um terrorista nacional de direita envia mais uma de suas mensagens enigmáticas, desta vez anunciando que vai atacar no concurso de Miss Estados Unidos, que terá lugar em San Antonio.
Como a única maneira de derrotar o terrorista é enviar uma agente do FBI disfarçada de candidata no concurso, é apenas questão de esperar para que Bullock seja moldada para o papel por seu parceiro e chefe da operação, Eric (Benjamin Bratt).
Para colocar as coisas em movimento, Eric marca um encontro com um veterano consultor de concursos de beleza, Victor (Michael Caine).
O encontro entre Bullock e Caine é um indicativo de como o filme reflete a decadência generalizada da comédia de costumes hollywoodiana. Todos os elementos de um confronto clássico que Howard Hawks ou Billy Wilder teriam transformado em motivo de riso duradouro conseguem apenas suscitar alguns sorrisos amarelos.
Mas, como sempre, Sandra Bullock topa qualquer parada e conserva seu dom natural de suscitar a empatia do público com os dilemas enfrentados por seus personagens, apesar de seu caráter artificial.