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Invasão militar na UnB, na década de 60, é tema de Barra 68

Quarta, 25 de abril de 2001, 14h24

Luciana Rocha
O cineasta Vladimir Carvalho e o pôster de seu filme
Barra 68, de Vladimir Carvalho, foi exibido com sucesso na abertura do Festival de Cinema de Recife. O documentário retrata a resistência dos alunos à invasão de tropas militares na Universidade de Brasília (UnB), no ano de 1968, quando muitos foram aprisionados no campo de basquete da universidade.

Este é o vigésimo filme e o quinto longa-metragem na carreira deste importante documentarista. Paraibano radicado em Brasília (há 30 anos), considera-se brasiliense de coração. A origem de Barra 68 parte de um depoimento de Darcy Ribeiro quando este revela seu sonho de criar, em Brasília, uma universidade autônoma que fosse o grande centro de pensamento da crítica nacional.

O filme retrata desde o início do projeto até a invasão da universidade pelas forças armadas, que culminou com a demissão de professores, acusados de serem comunistas. O documentário conta todo o processo vivido pela Universidade no final da década de 60, que culminou com a mediocrização da UnB pelo regime militar. Além do regime militar, outro personagem é indicado como um dos destruidores do sonho de Darcy Ribeiro. Ele é José Carlos Azevedo, um militar que dotou a universidade de todas as condições materiais na época em que foi reitor, mas levou a cabo, como missão de vida, a destruição do sonho de Darcy Ribeiro.

O filme partiu de um material histórico descoberto por alunos da Universidade e entregue ao cineasta, que na época da invasão da UnB foi captado pelo ex-aluno e hoje diretor Hermano Penna. Ele encontrou esse material na própria UnB, só que não sabia direito o que fazer com ele. O projeto começou a tomar forma quando Carvalho realizou uma grande entrevista com Darcy Ribeiro, pouco antes de sua morte. Em torno desses dois materiais - a entrevista de Ribeiro e o documento da invasão da UnB - ele estabeleceu a estrutura dramática de Barra 68. Acrescentou depoimentos de gente que viveu aquela época. Professores e alunos, hoje senhores e senhoras na faixa dos 50 anos.

Alguns depoimentos são divertidos, outros são emocionantes. Antigos professores, entre eles o crítico e cineasta Jean-Claude Bernardet, avaliam criticamente suas decisões no passado. Entre os grandes destaques do filme está o depoimento de Cacá Diegues. Em 1968, ele rodava em Brasília alguma cenas de Os Herdeiros, com Sérgio Cardoso e o ator francês Jean-Pierre Léaud, dos filmes de François Truffaut. Léaud havia participado, em Paris, das barricadas do célebre maio de 68. Cacá e ele foram convidados para um debate sobre o cinema brasileiro na UnB.

Luciana Rocha - Enviada especial a Recife

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