Por baixo de seu aparato hip-hop, No Balanço do Amor é um drama teen que não poderia ser mais básico. Nem particularmente inspirado nem insuportavelmente meloso, esta história de uma garota branca que tenta se inserir numa comunidade negra do South Side de Chicago é contada num clima de seriedade, seguindo uma fórmula simples. Com sua temática de harmonia racial e estudantes secundaristas bem intencionados que conseguem realizar seus sonhos, o filme evita a exploração fácil. Em lugar da abertura sarcástica ou em tom de brincadeira que é mais comum em filmes para adolescentes, a heroína, Sara, é apresentada num clima triste: nós a vemos tomando um trem para Chicago e recordando o acidente de carro que matou sua mãe, que estava correndo para assistir ao exame de admissão de Sara no curso de balé da escola Juilliard.
Ela vai morar com o pai de quem estava distanciada, Roy (Terry Kinney), que vive num apartamento decadente em South Side e trabalha à noite como trompetista de jazz. Com isso, Sara é obrigada a adaptar-se não apenas a sua nova vida familiar mas também à nova escola, a Wheatley High School, onde é praticamente a única aluna branca.
O diretor Thomas Carter (Swing Kids, Metro) se esforça para não retratar a escola como o pesadelo hollywoodiano típico da vida nos guetos negros, mas, com isso, tende a pintar um retrato suavizado demais da dura realidade das escolas públicas contemporâneas.
O descolado Derek (Sean Patrick Thomas), seu colega, tem mania de provocar Sara, e em pouco tempo ela aprende a lhe responder no mesmo veio. Como atrito pode ser sinônimo de atração, Derek não resiste à vontade de convidar Sara para dançar no clube local, o Stepps, onde ela rapidamente deixa claro que não sabe diferenciar hip de hop.
Felizmente, No Balanço do Amor evita se transformar no que poderia ter sido uma tragédia à la Romeu e Julieta, e termina num tom apropriado de otimismo.