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Bicho de Sete Cabeças arrebata prêmios do Festival de Recife

Terça, 01 de maio de 2001, 14h59

Luciana Rocha
O ator Rodrigo Santoro com o Troféu Passista
O filme de Laís Bodanzky Bicho de Sete Cabeças foi o grande premiado da quinta edição do Festival de Cinema do Recife. Protagonizado pelo ator Rodrigo Santoro, o filme levou oito, dos dez prêmios da categoria longa 35mm (Melhor Filme, Melhor Direção, Melhor Ator, Melhor Atriz Coadjuvante – Cássia Kiss, Melhor Ator Coadjuvante - Gero Camilo, Melhor Roteiro, Melhor Trilha Sonora, Melhor Som e Melhor Montagem). Na categoria Melhor Fotografia quem levou o troféu Passista foi o longa de Nando Olival e Fernando Meirelles, Domésticas. O filme também recebeu o prêmio de Melhor Atriz, que foi dividido entre as cinco protagonistas do filme.

Bicho de Sete Cabeças foi muito aplaudido pelo público em sua exibição no último sábado. A trama desenvolve-se a partir de uma história verdadeira do escritor Austregésilo Carrano. Canto dos Malditos relata sua experiência num instituto psiquiátrico, nos anos 70. O autor viveu três anos em clínicas psiquiátricas, onde foi submetido a drogas pesadas (as chamadas "camisas-de-força químicas"), eletrochoques e outras processos absurdos de tratamento. Tudo isso porque o pai encontrou um baseado em suas coisas e resolveu interná-lo para que se livrasse das drogas.

O que se vê na tela parece até falso, mas esse tipo de violência é, ainda hoje, muito comum na maioria dos manicômios do Brasil. Continua-se, ainda, assimilando-se tratamento à punição. Em especial quando se trata de curar um vício, como o uso de drogas.

Rodrigo Santoro revela-se incrivelmente maduro em sua atuação. Seu papel traz às telas os problemas e deficiências do sistema manicomial brasileiro, que ainda hoje permanece insano, agressivo e completamente destruidor. Laís conseguiu um filme forte e militante. Sua direção e concepção são bem aprofundadas e reveladoras, prendendo-se não só ao tema dos processos psiquiátricos brasileiros, como também aos problemas de falta de comunicação entre pais e filhos, que acontece na adolescência.

O roteiro foi escrito pelo marido da diretora, Luiz Bolognesi. O filme traz uma forte carga dramática, que fica por conta, grande parte das vezes, da trilha sonora composta por André Abujanra, com músicas de Arnaldo Antunes, cujo trabalho literário serviu de inspiração para o longa.

O filme recebeu o apoio da Riofilme, mas foi finalizado com verba da Fabrica, divisão da marca Benetton destinada à produção de cinema. Bicho de Sete Cabeças levou nove prêmios no Festival de Cinema de Brasília, no ano passado, incluindo Melhor Filme e Melhor Ator para Rodrigo Santoro. O longa terá estréia nacional em 22 de junho.

Luciana Rocha - Enviada especial a Recife

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