Se o filme Diga que Não é Verdade, produzido por Peter e Bobby Farrelly, prova alguma coisa, é que existe uma enorme diferença entre uma comédia escrita e dirigida pelos irmãos Farrelly e outra apenas produzida por eles. Sem contar com os excessos absurdos, o elenco esdrúxulo e o timing peculiar presentes também em outros trabalhos dos irmãos Farrelly (como Quem vai ficar com Mary?), o novo filme sobre um sujeito bonzinho equivocadamente identificado como irmão da garota com quem vai se casar começa com uma premissa cômica clássica e acaba por seu audestruir com uma parte sem graça depois da outra.
O roteiro de Peter Gaulke e Gerry Swallow segue a fórmula Farrelly de enviar pessoas bem-intencionadas para um mundo de desastres pontuado pela ridicularização constante de partes do corpo das pessoas (e dos animais). O diretor J.B. Rogers, que era assistente dos irmãos Farrelly, ainda não possui aquele toque especial que, numa comédia grosseira, é capaz de fazer a diferença que garante risos em lugar de silêncio.
O "herói" órfão Gilly Noble (Chris Klein) anseia por uma mulher que lhe provoque arrepios. Ele a descobre em Jo (Heather Graham), que trabalha num salão de beleza. Ao cortar o cabelo de Gilly, ela decepa a ponta de seu ouvido direito. Ela passa seis meses cuidando dele, o tempo necessário para se apaixonarem.
Mas Jo revela ser filha de Sleazy Valdine (Sally Field), que vê Gilly como fracassado e quer que sua filha se case com o homem mais rico de sua cidade, o amargurado Walter (Richard Jenkins), que sofreu um derrame que o obriga a falar apenas por meio de um aparelho eletrônico que o faz soar como um robô bêbado e de boca suja.
É aí que um detetive contratado por Gilly para descobrir sua mãe natural vem informá-lo -- pouco depois de ele ter transado com Jo -- que ela é justamente Valdine, sua irmã.
Esse é o ponto de partida de uma série de confusões.