A estrela australiana Nicole Kidman, a cortesã de Moulin Rouge, primeiro filme em competição pela Palma de Ouro, abriu o show esta quarta-feira em Cannes passando sem problemas pela primeira prova: a tradicional coletiva.Vestindo um traje colante vermelho e cor da pele, a atriz escultural, cuja separação de Tom Cruise marcou a crônica dos últimos meses, enfrentou com sorriso mais de 50 câmaras e uma multidão de jornalistas que se abstiveram de interrogar sobre esse assunto sensível.
"Obrigada por não terem perguntado sobre esse assunto", disse ela a um jornalista que a cumprimentaria por ter tido a coragem de descer na arena da mídia de Cannes.
Nicole Kidman encarna, em uma Paris feérica e em um cabaré de Montmartre revisitado pela imaginação brilhante de seu compatriota Baz Luhrmann, Satine, uma dançarina de show que se apaixona pelo jovem poeta Christian, o escocês Ewan McGregor. Uma comédia musical, cheia de canções de Bono, Elton John, David Bowie, Paul McCartney, inspirada livremente no mito de Orfeu, onde se misturam o amor e a morte.
"Me pareceu muito mais fácil representar cenas de amor cantando, precisou a atriz. Permite liberar suas emoções e se abandonar a elas".
"Qual é a sua canção de amor preferida?", perguntaram à bela australiana. "Isso muda, depende de quem estou apaixonada", disse ela, recusando-se com um sorriso a citar uma.
Baz Luhrmann explicou, na coletiva transmitida ao vivo pela primeira vez pelo mundo, que tinha feito pesquisas em Paris para montar La Bohème (de Puccini) com sua mulher e cenógrafa, a francesa Catherine Martin.
"Debussy e Satie eram então o que é a música pop atualmente e Toulouse-Lautrec (o porto-riquenho John Leguizamo, que representa de joelhos para encarnar o pintor anão) era o Andy Warhol do início do século."