Em sua estréia como diretor, o ator norte-americano Ethan Hawke sonda os escuros e empoeirados corredores do lendário hotel Chelsea, de Nova York, observando a vida solitária dos seus moradores e misturando-se a seus fantasmas. A produção Chelsea Walls, cujo elenco conta com a atriz Uma Thurman, esposa de Hawke, além de Kris Kristofferson e Natasha Richardson, foi exibido na sexta-feira no Festival de Cinema de Cannes.
"O hotel Chelsea Hotel é a Ellis Island da vida boêmia. Qualquer um que desfrutasse de ideais românticos e amor pela arte se sentia em casa naquele lugar", disse Hawke em uma coletiva de imprensa.
Construído em 1880, o hotel Chelsea atraía celebridades como Dylan Thomas, Janis Joplin, Tennessee Williams, Vladimir Nabokov, Arthur Miller e Marilyn Monroe.
A atriz francesa Sarah Bernhardt mudou-se para o hotel no século 19 com um caixão que ela afirmava usar para dormir, Bob Dylan já cantou ali e Sid Vicious matou sua namorada Nancy Spungen em um dos quartos do Chelsea.
No Chelsea Walls, a câmera digital de Hawke dirige-se de quarto em quarto, enquanto as imagens fluem suavemente ao som de um narrador recitando poesias.
O filme documenta as reflexões de um escritor bêbado e mulherengo (Kristofferson), a isolada existência de uma poetisa (Thurman), uma dupla de músicos e dois jovens amantes.
"Achei que seria uma boa filmagem com a câmera digital, que ajuda a mostrar a essência do hotel Chelsea", disse Hawke.
"O hotel é tão antigo que era impossível ter uma equipe de quarenta pessoas e ainda obter a energia necessária para uma câmera de filme profissional", acrescentou o ator.
A exibição de Chelsea Walls em Cannes parece ter atraído a atenção das pessoas. Alguns deixaram a sala de cinema atribuindo à produção adjetivos como "bonita" e "impressionante", enquanto outros afirmavam ter sido o pior filme que já tinham visto.