Em La répétition (O ensaio), da diretora Catherine Corsini, Emmanuelle Béart interpreta Nathalie, uma atriz que desperta o ciúme de sua amiga de infância Louise (Pascale Bussières), a ponto de criar-se entre as duas mulheres um vaivém de sedução e frustração, de repulsa e atração. A dupla de atrizes é excepcional, e a tensão que seu trabalho imprime ao filme influi muito sobre a intensidade do jogo dramático e do trabalho da câmera.
"É um trabalho grande - dois meses e meio de pesquisas, de análise, de experimentação. É um diretor que fixa uma coluna vertebral que serve como ponto de partida, e, em seguida, os atores que se encontram, se ouvem, se espreitam - em suma, que reagem uns aos outros. São coisas que vão sendo construídas dia a dia, não coisas que se premeditam", disse à reportagem a atriz Emmanuelle Béart, que já tem 23 longa-metragens em seu currículo.
"Eu vou descobrindo meus personagens aos poucos, e isso não é algo premeditado. É claro que, juntamente com o diretor, traço uma espécie de linha diretriz geral, mas cada situação vai puxando outra que não foi prevista, e acho que a profissão de atriz consiste justamente em ter essa capacidade de desenvolver todos nossos sentidos."
Quanto ao fato de ter se desdobrado para fazer o papel justamente de uma atriz, na qual se destacam a fragilidade, a inconstância ou até mesmo a inconsciência, Emmanuelle Béart diz: "Acho que a profissão de atriz já traz em si uma espécie de sensação de instabilidade, de nunca se chegar a lugar algum, de sempre ser obrigado a recomeçar, provocar o desejo dos outros e seu próprio desejo de voltar e de, a cada vez, acreditar novamente".