Roberto Succo, do francês Cedric Kahn, traz uma excelente reconstituição da história de um verdadeiro "serial killer". O título refer-se ao próprio Roberto Succo, um assassino serial que, em 1981, aos 19 anos, matou de maneira atroz sua mãe e seu pai. Depois de fugir da instituição psiquiátrica na qual foi internado, conseguiu ir da Itália para a França, onde deixou um rastro de sangue em meados dos anos 80, convertendo-se no inimigo público número um. Depois de uma longa fuga pela França e pela Suiça, voltou para a Itália, onde foi preso. Acabou por suicidar-se em sua cela, em 1988.
O filme de Kahn é baseado no livro Je te tue, histoire vraie de Roberto Succo, da jornalista francesa Pascale Froment, que fez uma investigação minuciosa, recolhendo o testemunho das pessoas que conheceram Succo, das famílias de suas vítimas, dos policiais e magistrados que se ocuparam de seu caso.
Com esses dados, o diretor francês vai esboçando o retrato de um persoangem imprevisível e complexo sem cair na armadilha de mostrá-lo como um monstro, nem de justicar suas ações dando-lhe um perfil de herói ou atribuindo sua violência gratuita a explicações psicológicas simplistas.
"Quanto mais avançada a elaboração do filme, mais fundo me parecia o mistério da loucura. Tinha a impressão de possuir cada vez menos as chaves psicológicas do personagem", disse o diretor, que optou por construir o assassino através do olhar de terceiros.
O filme, que mantém até seu final o ritmo estável de suspense, apesar dos acontecimentos já serem conhecidos, é interpretado por Stefano Cassetti, que não é um ator profissional e que dá uma tremenda veracidade ao personagem de Succo.