Imamura encerra competição com fábula sobre prazer
Sábado, 19 de maio de 2001, 15h09
Água tépida sob uma ponte vermelha, de Shohei Imamura, fábula de uma mulher-fonte da qual a água brota com o prazer, encerrou este sábado com um tom de leveza e otimismo a competição do 54º Festival de Cannes, no qual loucura e morte foram os temas predominantes, e que termina amanhã domingo com a exibição hors concours de "Las almas fuertes" do chileno Raúl Ruiz. Imamura, duas vezes Palma de Ouro por A balada de Narayama (1983) e A enguia (1997), ama os personagens femininos e os pinta ao mesmo tempo com ternura e com agudez. O veterano cineasta japonês conta desta vez a história de um homem que parte em busca de um tesouro escondido em uma casa. Em vez da estátua de Buda de ouro que esperava, encontra uma bela e estranha jovem, cujos orgasmos fazem brotar dela caudais de água tépida, que chegam até o rio e fazem com que a pesca seja abundante. Combinando humor e reflexão, comédia e drama, Imamura constrói sua história como um conto, uma fábula sobre o amor, os ciúmes, o prazer e a verdadeira riqueza que os homens podem possuir na vida. Uma fábula cuja despreconceituada moral seria: para ser feliz na vida é preciso se entregar ao amor e não ser racional. Em resumo, um filme belo, profundo e divertido.
AFP
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