O prêmio de Melhor Direção no 54º Festival de Cinema de Cannes foi entregue este domingo a dois cineastas norte-americanos: Joel Coen por The man who wasn't there e David Lynch por Mulholland Drive. The man who wasn't there de Joel Coen conta a dor de uma vida medíocre, espécie de crime e castigo na Califórnia dos anos 40.
Ed Crane (Billy Bob Thornton) trabalha na barbearia de seu cunhado, mas não gosta de seu trabalho como barbeiro, nem da companhia de seu cunhado.
Homem silencioso, fica sabendo um dia que sua mulher (Frances McDormand) o trai com o patrão da loja em que trabalha e decide chantagear este. A partir daí, os acontecimentos tomam um rumo nefasto que Ed não controla, mas apenas compreende.
Filmada em preto e branco, o filme restitui uma atmosfera de tristeza e faz sentir a dura carga da rotina de uma vida medíocre, que leva ao crime quase por acidente, como uma fatalidade.
Joel Coen e seu irmão Ethan Coen receberam em 1991 a Palma de Ouro por Barton Fink.
Mulholland Drive, nome de uma avenida que atravessa Hollywood, era originalmente um projeto de série para televisão que não foi concretizado e serviu de base para Lynch elaborar um roteiro para um filme.
Apresentada como "uma história de amor na cidade dos sonhos", o filme de Lynch é na realidade uma história de ilusões perdidas que passam rapidamente do sonho ao pesadelo em um universo de fantasia transbordante, imagens dissipadas, de narração surrealista.
Tudo começa uma noite, quando uma bela mulher (Laura Elena Harring) é ameaçada em um automóvel. No mesmo momento ocorre um acidente, a mulher sobrevive, foge e se refugia em uma casa, onde encontra Betty (Naomi Watts), jovem ingênua recém chegada a Los Angeles com o sonho de se tornar uma estrela.
A mulher perdeu a memória e inventa um nome, Rita. Ambas realizam a investigação para tentar saber quem ela é. A ação passa do mistério ao sonho, do sonho ao pesadelo, da realidade ao imaginário e vice-versa.
David Lynch recebeu a Palma de Ouro em 1990 por Wild at heart (Coração Selvagem).