O triunfo do cinema europeu em uma premiação que "recompensou a emoção" mas também "a audácia" é destacado esta segunda-feira pela imprensa francesa, após o encerramento ontem do Festival de Cannes, que deu sua Palma de Ouro a O quarto do filho (título provisório em português) do italiano Nanni Moretti e três prêmios ao filme A pianista, do austríaco Michael Haneke.O polêmico filme de Haneke ganhou o Grande Prêmio do Júri e os dois prêmios de interpretação, para os franceses Isabelle Huppert e Benoit Magimel. O prêmio ao melhor roteiro foi para outro diretor europeu, o bósnio Danis Tanovic, por No man's land.
"A Europa dominou inquestionavelmente a competição" neste Festival, escreveu o jornal Le Figaro, ressaltando que os cineastas europeus "manifestaram um dinamismo criador apaixonante" em um panorama "muito rico, ao mesmo tempo diverso e surpreendentemente coerente".
"Anunciaram o retorno com toda força dos norte-americanos, que foram interessantes, mas não extraordinariamente marcantes", acrescenta o jornal, estimando que "paradoxalmente os grandes estúdios (com os filmes Moulin Rouge e Shrek) se mostraram mais inventivos e originais que os independentes".
O cinema norte-americano ganhou o prêmio para a melhor direção, que foi cmpartilhado por Joel Coen (The man who wasn't there) e David Lynch (Mulholland Drive).
O jornal Nice-Matin, destacando a aprovação unânime à vitória de Moretti, estimou porém que "os três prêmios concedidos a A Pianista obrigaram o júri a uma opção cruel, o fato de que pelo menos três dos filmes mais noitáveis desta edição" não figurassem na premiação: Kandahar, de Makhmalbaf, The pledge, de Sean Penn, e Volto para casa, de Manoel de Oliveira.