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Drama
título Palácio das Ilusões
título original Mansfield Park
diretor Palácio das Ilusões
nossa opinião
ano 1999
país de origem Inglaterra
duração 110 min
língua Inglês
cor Colorido
som Dolby Digital
classificação
elenco Hannah Taylor-Gordon, Talya Gordon, Lindsay Duncan, Bruce Byron, James Purefoy, Sheila Gish, Harold Pinter, Elizabeth Eaton, Elizabeth Earl, Philip Sarson, Amelia Warner, Frances O'Connor, Jonny Lee Miller, Victoria Hamilton, Hugh Bonneville, Embeth Davidtz, Alessandro Nivola
site oficial https://www.mansfieldpark.com
 
Resenha
Divulgação
Palácio das Ilusões traz adaptação da obra de Jane Austen

Há um mito Jane Austen a ser desvendado na literatura por biógrafos e entusiastas, aquele que dá conta da proximidade entre obra e vida. Enquanto o retrato definitivo não vem, o cinema se contenta em juntar as peças do quebra-cabeças, com melhor ou pior resultado. A mais recente dessas peças chega hoje às telas do Brasil. Faz parte das contribuições positivas. Tem boas razões para o espectador mais uma vez ir ao encontro do universo de hipocrisia e picuinhas amorosas da classe média inglesa do século XIX. Palácio das Ilusões é o título para Mansfield Park, o romance que Austen escreveu em 1814.

  • Veja trailer do filme

    É tido como um dos mais controvertidos, até porque de fonte autobiográfica. Outro mistério. Fanny Price, a protagonista, teria parentesco com a autora. Imaginá-la nesta história torna o filme mais atraente. Mas mesmo sem o exercício, é um belo trabalho.

    A diretora é a canadense Patricia Rozema. Os cinéfilos vão se lembrar de um cult de Rozema. Ouvi as Sereias Cantando, de 1987, é protagonizado apenas por mulheres, entre elas, duas amantes. Depois vieram O Quarto Branco, sobre a obsessão de um jovem pelo assassinato de uma estrela de cinema e Quando a Noite Cai, de volta o amor entre mulheres. Tudo isso para dizer que tais credenciais — esse interesse pelo universo feminino — devem ter pesado no encontro entre Rozema e Jane Austen.

    Há mesmo sugestões na atenção da personagem liberada e moderna do livro, Mary Crawford, para com a protagonista. O que dá a noção de ousadia da autora em sua época.

    Mansfield Park surgiu quando Austen já estava amadurecida na literatura. Havia publicado Razão e Sensibilidade e Orgulho e Preconceito, o primeiro adaptado ao cinema por Ang Lee. Parecia, assim, despojada para ser mais franca na sua crítica aos valores que a circundavam. E a fez por certo num tom pessoal. A rigor, uma das poucas passagens que aproximam realidade e ficção nesta obra está na dúvida da personagem Fanny Price em aceitar um pretendente. Austen assentiu, mas mudou de idéia no dia seguinte, exatamente como faz a heroína.

    Que não morre solteira, como aconteceu à autora, detalhe que nem o mais ingênuo dos espectadores espera que ocorra no filme. A revelação sobre quem se casa com ela é que é bom ocultar. No mais, Fanny Price (Frances O’Connor) cresce estimulada pelo amor à literatura, como também aconteceu a Jane Austen. Mas esse é um dado da biografia que está espelhado em quase todas as suas criações. São as diferenças que se somam aqui.

    Price nasce pobre, do lado errado da família. Criança, é mandada para a mansão dos tios, os Bertrams. O patriarca é interpretado por Harold Pinter, o dramaturgo em uma de suas raras aparições no cinema. Fanny cresce uma criada de luxo, mas uma criada. Entre os primos e primas, prefere Edmund (Jonny Lee Miller), que divide com ela a paixão pelos livros. Mas a idade é para o casamento e, junto com o pretendente para uma das filhas, chegam os irmãos Crawford, ele um galã volátil, ela disposta a uma boa fortuna.

    Em tese, preenchem as vagas para Fanny Price e Edmund. Mas se a primeira guarda seus sentimentos para outro, o jovem postulante a pastor descobrirá as intenções da noiva, numa das melhores cenas do filme.

    Não vale a pena esmiuçar mais a trama. Ela é um tanto recorrente do mundo austeniano. O que deve ser reforçado é a levada ágil e o olhar bem focado da diretora Rozema, a evidenciar os desvios de conduta e confusão moral que toma conta de todos em cena, não poupando nem a própria heroína. E tudo sem abrir mão da encenação elegante. Enquanto o imaginário sobre a vida de Jane Austen permitir, só fará bem para o cinema visitar sua obra sobre vários pontos de vista.

    Orlando Margarido - Investnews/Gazeta Mercantil

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