Com mais de 1.300.000 espectadores na Argentina, aceitação unânime da crítica e apoio incondicional do público, Nove Rainhas foi, sem dúvida, o fenômeno argentino de 2000. A obra-prima de Fabián Bielinsky ocorreu como um milagre. Quando ninguém esperava, surgiu um filme pequeno, argentino e feito com humor que resultou num gigantesco sucesso de público e crítica no país. O diretor era, para o grande público, um perfeito desconhecido.
A história do filme gira em torno de dois golpistas com pouca grana que, por azar do destino (com atenção para o ponto em que são verdadeiramente "azarados") devem passar 24 horas juntos. Nesse lapso de tempo se encontram com a oportunidade de suas vidas, e tudo se transforma em uma sequência de mentiras e traições, cada vez mais sofisticadas.
Vários são os pontos que fazem do filme algo excepcional. Em primeiro lugar, as atuações perfeitas de Ricardo Darín e Gastón Pauls. Se o primeiro parece brilhar mais como pilantra e com seu personagem sórdido, o trabalho sutil de Pauls não fica nem um pouco atrás.
Além disso, uma galeria de personagens secundários enriquece o filme, à medida que aparecem como instrumentos necessários para a complexidade da trama, que aparece difusa para o espectador.
Outro atrativo refere-se à imagem da cidade de Buenos Aires, que nada tem dos postais turísticos, e deixa de lado o tango na trilha sonora. O filme poderia acontecer em qualquer outro lugar do mundo, mas a cidade respira e declama. Bielinsky demonstra que seu foco está na história e nas tomadas de cena, que nada tem de gratuitas em nenhum fotograma.
Alegre e interessante, o filme traz um suspense crescente até o final, momento em que é revelada uma grande surpresa. Nove Rainhas ainda permite uma segunda visão, sem perder nada de sua qualidade.