Constrangimento. Essa é a principal sensação que se tem ao assistir ao Diário de Briget Jones, adaptação da diretora Sharon Maguire para o livro de Helen Fielding.
Não que o filme seja ruim, ao contrário, é muitíssimo divertido. O que constrange são as inúmeras e fenomenais gafes protagonizadas pela personagem título, vivida por Renée Zellweger, daquelas que nos fazem sentir vergonha pela outra pessoa. Veja também:
» Site Especial O Diário de Bridget Jones
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Ela parece ter a capacidade de sempre dizer as coisas erradas nas horas mais impróprias e agir de forma estranha nas situações mais improváveis. Um bom exemplo disso é a cena em que é a única a aparecer fantasiada numa festa de família. É constrangedor sim, mas obviamente engraçado, principalmente porque quase todo mundo já passou por algo do tipo e sentiu vontade de se jogar num buraco no chão para sumir imediatamente.
Essa identificação com a personagem é o que fez dela um dos grandes sucessos do mercado editorial inglês dos últimos tempos. Quem lê o livro ou assiste ao filme sempre encontra algum ponto em comum com a desajeitada Bridget. Principalmente por ela ser uma mulher absolutamente comum: com trinta e poucos anos ainda não se casou, bebe e fuma demais, não se dá tão bem com a mãe, faz um trabalho sem graça e sempre acha que precisa fazer dieta, mas nunca faz.
Num final de ano, depois de cometer mais algumas gafes memoráveis, e passar o tempo sozinha cantando All by myself, Bridget decide mudar sua vida e encontrar seu grande amor (será que só ela faz isso?). Para atingir seus objetivos uma de suas primeiras resoluções é comprar um diário onde passa a anotar tudo, desde o número de cigarros que fumou no dia até quanto está pesando. Passar a idéia do diário para o cinema poderia se tornar um recurso maçante, no entanto, Sharon Maguire soube fazê-lo muito bem, transformando-o em apenas um detalhe na história, não o ponto principal.
A escolha de Renée Zellweger para o papel de Bridget foi muito criticada na Inglaterra, afinal, a moça é americana do Texas. Assistindo ao filme, no entanto, imagina-se que não poderia existir melhor opção. Renée está muito bem, engraçada, divertida e comum, como Bridget deveria ser. Para interpretar a personagem, a atriz engordou vários quilos e surgiu totalmente desprovida de glamour, coisa que poucas estrelas teriam coragem de fazer. Até mesmo o sotaque inglês foi bem imitado, embora os mais perfeccionistas insistam em criticá-la.
O charmoso vilão da história, se é que se pode ser maniqueísta a ponto de dividir os personagens do filme em bandidos e mocinhos, Daniel Cleaver, vivido por Hugh Grant, é uma agradável surpresa. Ao contrário da grande maioria de suas atuações, em O Diário de Bridget Jones o ator não é o bobinho bonzinho e bonitinho. Ele é mau-caráter e irresistivelmente sedutor e o pior é que realmente convence como tal.
Outros destaques são Colin Firth como o sisudo advogado Mark Darcy e Gemma Jones, como a mãe de Bridget que parece ter um imã para colocar a filha em situações embaraçosas, como se ela mesma não conseguisse fazer isso sozinha.
Embora seja um filme sobre as mulheres e feito para elas, não há qualquer contra-indicação para os homens que, com certeza, irão se divertir da mesma forma.