Ao entrar no assustador mundo de Bully, do diretor americano Larry Clark, você será obrigado a esquecer as líderes de torcida loiras e os adolescentes de cara limpa que povoam a maioria dos filmes de Hollywood sobre adolescentes. Baseada em fatos verídicos, a história chocante contada por Clark compete ao lado de 19 outros filmes pelo Leão de Ouro do festival.
O filme é ambientado na Flórida contemporânea, onde adolescentes entediados da classe média, já envolvidos nos prazeres ilícitos do sexo e das drogas, tramam e cometem o assassinato do "bully" do grupo ("bully" significa um sujeito valentão-covarde, do tipo que agride e insulta pessoas mais fracas).
Como o primeiro filme de Clark, Kids, que ganhou a Palma de Ouro em Cannes em 1995, Bully é uma crítica violenta ao que o diretor vê como a sociedade norte-americana materialista e destituída de valores.
Rejeitando as críticas de que ele exagera no foco sobre a nudez e o sexo, Clark afirmou que seus trabalhos retratam a realidade, diferentemente dos filmes hollywoodianos convencionais sobre adolescentes.
Bully mostra que o perigo está não apenas na selva urbana, mas também nas residências de classe média dos subúrbios e nos shoppings das cidades menores. No incidente de 1993 que inspirou o filme, um grupo de amigos vingativos foi condenado por conspirar para matar Bobby Kent, então com 20 anos, depois de sofrer abusos de sua parte durante anos.
O filme vocaliza as façanhas sexuais de dois adolescentes suburbanos entediados -- Marty e seu amigo dominador Bobby -- que passam por experiências com drogas, sexo e até mesmo prostituição. Ao estilo típico de Clark, a câmera muitas vezes se demora sobre os corpos nus dos rapazes, às vezes machucados devido a espancamentos e a sexo violento.
Cansado de ser constantemente forçado por Bobby a cometer atos cada vez mais degradantes, Marty é encorajado por sua namorada a matá-lo. Enquanto Marty, a namorada e seus amigos tramam o assassinato e depois espancam e esfaqueiam Bobby e o abandonam para morrer no pântano, seus pais, ignorando tudo, estão em casa, assistindo à televisão.
A associação dos produtores de cinema dos EUA liberou o filme sem classificação etária. A medida, pelo fato de não indicar quem é autorizado a vê-lo, praticamente o obriga a ter uma distribuição limitada ao circuito do cinema de arte.