A idéia de que desenho animado é coisa de criança está sendo deixada de lado no mais antigo festival de cinema do mundo, onde a animação está sendo levada a sério. Pela primeira vez na história do Festival de Cinema de Veneza, um filme de animação, Waking Life do diretor norte-americano Richard Linklater, entrou na prestigiosa competição pelo Leão de Ouro.
O diretor do evento, Alberto Barbera, disse à Reuters que esta não será a última vez. A vitrine do cinema mundial está cada vez mais mostrando novas técnicas, como a de vídeo digital.
"Não temos preconceitos contra esse tipo de cinema", disse o diretor Barbera ao jornal italiano Il Sole 24 Ore. Ele chamou o cinema digital de "a nova fronteira estética".
Waking Life dá à platéia de Veneza um alívio das histórias de violência e adolescência que dominam a seleção do festival. A produção animada conta a história de um jovem incapaz de acordar de uma série de sonhos entrelaçados.
Seu uso revolucionário da animação -- o filme foi rodado com câmeras digitais com atores reais e pintado por computador -- lembra obras expressionistas.
Linklater, que apresentou seu filme no Festival de Sundance, nos Estados Unidos, em janeiro, disse que sua técnica é a resposta para a pergunta "como filmar uma coisa que só existe na imaginação de uma pessoa?"
Em uma série de sonhos, vários personagens instruem o protagonista sobre o sentido da vida e da morte. Entre os atores, participam Ethan Hawke e a francesa Julie Delpy.
Um minuto de filme exigiu 250 horas de animação e 30 profissionais. Cada artista trabalhou apenas em um personagem durante todo o processo de produção.
Linklater, que ganhou o prêmio de direção por Antes do Amanhecer em Berlim, em 1995, também trouxe a Veneza seu filme experimental Tape, com Ethan Hawke, Uma Thurman e Robert Sean Leonard, todo feito em vídeo digital.