Na Grã-Bretanha, onde a população não poupa críticas à privatização dos trens, o novo filme de Ken Loach, uma comédia ácida sobre um bando de ferroviários insatisfeitos, deve abarrotar os cinemas. O filme -- que concorre ao Leão de Ouro no Festival de Cinema de Veneza -- tem ressonância mundial, no entanto, por lidar com os males do desemprego e da crise econômica, nestes tempos de tempestade nos mercados financeiros e "cortes corporativos".
The Navigators (os navegadores) conta os infortúnios de um grupo de ferroviários do norte da Inglaterra no momento da privatização da British Rail, em meados da década de 1990.
Informados pelo chefe de que sua parte na operação da ferrovia foi vendida, Paul, Mick e o resto do bando descobrem que são agora funcionários de um empreendedor durão e bem vestido com uma missão de pagar o salário apenas com base no desempenho.
De início, os caras acham que vão podem enrolar o almofadinha e seus lacaios administrativos, mas logo percebem que ele não está para brincadeira com seus planos de folgas sem remuneração, horas extras constantes, e contínua "melhoria da produtividade".
Para Loach, o mais politizado dos cineastas britânicos, The Navigators fala não apenas da reviravolta econômica causada pela privatização e pela dissolução de sindicatos pela ex-primeira-ministra Margaret Thatcher, mas também do custo social gerado pelo braço implacável do capitalismo.
O roteiro foi escrito por Rob Dawber, um ferroviário que perdeu o emprego com as privatizações depois de 17 anos e passou a escrever para jornais de esquerda.
Dawber escreveu para Loach contando sua idéia para o roteiro e o diretor topou proposta. Logo depois, o roteirista novato de 44 anos foi diagnosticado com câncer causado por contaminação no trabalho. Ele morreu antes do filme ser lançado.