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"É fácil apaixonar-se por Nietzsche, difícil é amá-lo", diz Bressane

Quarta, 05 de setembro de 2001, 11h56

Participando pela terceira vez do Festival de Veneza, o cineasta Julio Bressane fez novamente boa figura.

Seu último filme, Dias de Nietzsche em Turim, foi bem recebido nas primeiras sessões. A obra traduz uma cooperação entre Bressane e sua mulher, Rosa, parceira no roteiro e uma especialista na obra do filósofo alemão, sobre o qual fez uma extensa pesquisa e escreveu diversos livros.

Para o diretor, que conseguiu concluir a montagem do filme há apenas 20 dias, ainda não estão muito claras as razões que o levaram a filmar um período conturbado na vida do filósofo em Turim.

"As razões que me moveram a criá-lo ainda são incompreensíveis, em muitos sentidos. No fundo, eu faço um filme para entender essas razões. Para isso, eu preciso ainda assisti-lo várias vezes", explicou Bressane à reportagem no Hotel des Bains, onde está hospedado, que serviu de cenário para o filme Morte em Veneza, de Lucchino Visconti.

O filme retrata oito anos na vida do filósofo alemão, em Turim, pouco antes de enlouquecer e morrer. Foi um período fértil, expresso em inúmeras cartas e no livro Ecce Homo.

"É muito fácil apaixonar-se por Nietzsche mas é difícil amá-lo. Sua obra é muito exigente", acredita Bressane.

Na opinião do diretor, o filme resgata a obra de Nietzsche para o português, tomando por base as boas traduções feitas por João Veríssimo no início do século 20. Os diálogos foram retirados de livros e cartas que o filósofo escreveu na Itália.

"Nietzsche trabalha em várias perspectivas. Ele é paradoxal, joga vários pontos de vista conflitantes. Muitas vezes é contraditório. Procurei reproduzir isso em texturas - preto-e-branco, cor, digital. Cada uma delas é um ponto de vista", explica.

A música tem uma grande importância no filme e algumas composições são de autoria do próprio Nietzsche, que compôs cerca de oitenta peças.

"Foi de grande ajuda, neste caso, nós descobrirmos um músico gaúcho, o Ronel Albert Rosa, que gravou todas as composições do Nietzsche com uma orquestra, um trabalho muito criterioso."

O filme também será apresentado no Festival de Turim, em novembro. No mesmo mês, oito de seus filmes participarão de uma retrospectiva em Roma. No ano que vem, o Festival de Turim fará uma outra retrospectiva, com toda a obra do diretor, de 36 filmes.

Reuters

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