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Walter Salles quer ouvir o público em Veneza

Quinta, 06 de setembro de 2001, 14h21

Foto: AP
O diretor ao lado do escritor albanês Ismael Kadaré, autor do livro que inspirou o filme
O diretor Walter Salles chegou a Veneza na noite de terça-feira e se trancou na sala de exibição para ver sozinho os três primeiros rolos de seu filme, Abril Despedaçado, que acabara de trazer de Paris, onde foi feita a mixagem de som.

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    A tarefa se estendeu até às 4h30 da madrugada do dia de estréia do filme no festival mais antigo do mundo. O diretor estava preocupado com possíveis problemas e quis se certificar de que tudo funcionaria bem na quarta-feira, quando o filme foi mostrado pela primeira vez.

    Conhecido por seu perfeccionismo, o diretor não tinha motivos para se preocupar. O filme foi recebido com entusiasmo pelos críticos presentes, numa sala repleta, e já se especula que deverá ganhar algum prêmio.

    Walter Salles disse à reportagem que encontrou mais dificuldades para fazer Abril Despedaçado em comparação com o prestigiado e premiado Central do Brasil.

    "Foi um processo bem mais longo. Fizemos testes com 1.500 pessoas para compor o elenco, porque usamos vários atores não-profissionais", revelou.

    Como em Central do Brasil, o novo filme também traz um personagem infantil, o menino Ravi Ramos, filho de uma atriz, que tinha experiência anterior com teatro de rua na Paraíba. O garoto faz parte de uma família envolvida em litígio com outro clã, no sertão nordestino, onde todos resolvem suas desavenças a bala.

    Para conseguir um maior envolvimento com os atores, principalmente os profissionais, todo o elenco passou a viver em casebres sem luz elétrica e trabalhar numa moenda manual de cana, já que a história se passa em 1910. As locações foram feitas no interior da Bahia, entre Caitité, Bom Sossego e Botirama.

    Walter Salles relembrou as dificuldades para filmar na região. "Todos os dias tínhamos de rodar 200 quilômetros de Kombi para chegar ao set. Dava quase três horas por dia, só nessa viagem. No final das contas, rodamos quase 20.000 quilômetros", revelou.

    O filme deverá ser lançado no Brasil só no próximo ano. Nos Estados Unidos ele se chamará Behind the Sun, pois a tradução para o inglês de Abril Despedaçado (Broken April) já havia sido registrada em nome de outra pessoa.

    O cineasta estava muito ansioso quanto à recepção do público, que será verificada na sessão programada para esta quinta-feira. "Aqui em Veneza tem essa vantagem de ter o público junto vendo o filme, ao contrário de Cannes. Em Berlim era ótimo também, porque havia sessões só para o público."

    O escritor albanês Ismail Kadaré (autor do livro homônimo que inspirou o filme) disse ter ficado impressionado com a adaptação de sua obra, que considerou "magnífica".

    Outros elogios vieram do produtor Arthur Cohn, que comparou sua parceria profissional e pessoal com Waltinho àquela que manteve, anos atrás, com o diretor italiano Vittorio De Sica - ao lado de quem produziu cinco filmes. Para ele, Abril Despedaçado colocará o Brasil "definitivamente no mapa da cinematografia mundial".

    Reuters

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