Aos 44 anos, a diretora indiana Mira Nair atingiu a maturidade e a consagração, vencendo o Leão de Ouro no Festival de Veneza deste ano com sua comédia dramática e festiva, Um Casamento à Indiana, em exibição neste sábado, às 21h30, no Festival do Rio BR 2001. O filme traduz uma volta ao lar da cineasta, que enfrentou uma queda-de-braço com a censura local para a liberação sem cortes de Kama Sutra (1996), uma batalha que ela perdeu.
Mesmo sem ir fundo demais nos temas polêmicos que toca, como a virgindade e o incesto, Um Casamento à Indiana é uma realização competente e sedutora, uma festa de sons, cores e personagens de carne e osso em que a diretora integra-se a Bollywood, como é chamado ironicamente o prolífico centro de produção cinematográfica da Índia, em seus próprios termos.
Ela mostra como a Índia é capaz de dar o troco à globalização em alto estilo, assimilando as culturas estrangeiras, como a de seus colonizadores ingleses e hoje a dos americanos, e transformá-las, adicionando seus próprios temperos.
No filme, a diretora conta uma série de acontecimentos que ocorrem durante a preparação de um casamento arranjado pelos pais dos noivos, uma tradição que ainda é mantida em algumas províncias do país, apesar de já estar em desuso.
Mira Nair afirma que a família retratada no filme não pode ser considerada uma típica família indiana, pois seu país, com 1 bilhão de habitantes, é culturalmente muito complexo.
"A família que eu retrato no filme é a do Punjab, obviamente da classe média alta. É exatamente como a minha família. Se houvesse um casamento lá em casa, seria exatamente como o do filme", disse à Reuters durante a apresentação do filme em Veneza.