O diretor carioca Mauro Farias, cujo filme Duas Vezes com Helena está sendo apresentado no Festival do Rio BR 2001, admitiu na segunda-feira que sua produção é de difícil compreensão e por isso não terá grande renda. "Com esse trabalho, dialogo com o público amante do bom cinema, já que ele é provocativo. O espectador sai do cinema incomodado, não consegue dizer se gostou ou não, mas isso me traz uma certa satisfação", disse o diretor à Reuters.
Exibido nesta segunda-feira às 22 horas e com sessões agendadas para terça e quarta-feira, o filme é uma adaptação de um conto do escritor Paulo Emilio Salles Gomes.
A história apóia-se em um curioso triângulo amoroso formado pelo professor Alberto, sua bela esposa Helena e o jovem Polydoro. Este último retorna de uma viagem à Europa e é convidado pelo mentor, o professor Alberto, para um fim de semana em Campos do Jordão, para apresentar a mulher ao rapaz.
O encontro dos dois é perturbador e Polydoro se afasta do casal para sempre. Vinte e cinco anos mais tarde, ele reencontra o antigo amigo e a esposa, e se descobre vítima de um plano ardilosamente tramado contra ele.
O filme é dividido em duas narrativas bastante diversas, sendo uma contada por Polydoro e outra, a mais saborosa embora um pouco letárgica, relatada por Helena.
O diretor executou uma composição interessante de imagens projetadas que interagem com os personagens e respondem pela contextualização de Duas Vezes com Helena.
A fita agrupa alguns elementos interessantes como a misteriosa ambientação do primeiro encontro entre Polydoro e Helena, mas incorre em alguns excessos que a deixam um pouco cansativa.
Ao final da projeção, o espectador não consegue entender muito bem o que acabou de assistir, mas a reflexão sobre a manipulação à qual é submetido o protagonista da história permanece por algum tempo em sua mente.