Uma mulher aos 40 anos que vive com a mãe dominadora e se apaixona por um jovem, mas é incapaz de mergulhar em um relacionamento "normal". As dores psicológicas dessa personagem são os principais elementos de A Professora de Piano, em cartaz na 25ª Mostra BR de Cinema, em São Paulo. Erika Kohut (Isabelle Huppert) é uma talentosa pianista apaixonada por Schubert e acomodada na monótona rotina de professora de um conservatório em Viena, na Áustria. Sua mãe (Annie Girardot) é ciumenta e controladora, do tipo que telefona desesperadamente para o conservatório o dia todo, na tentativa de manter Erika sob sua rédea.
Logo no início do filme, o diretor austríaco Michael Haneke (de Código Desconhecido) mostra uma violenta briga entre mãe e filha por causa de um vestido que Erika havia comprado no caminho de casa.
O relacionamento entre as duas é conturbado. A mãe, solitária e doente, tem medo de perder seu único ponto de apoio, Erika. Esta, por sua vez, se torna uma mulher frustrada, cujos pouquíssimos prazeres estão na automutilação e no voyerismo -- sua única diversão é ir a um sex shop assistir vídeos pornôs. Erika ainda encontra satisfação na humilhação de seus alunos.
Até que em um recital ela conhece o charmoso Walter (Benoit Magimel). Os dois se apaixonam, mas a professora entrega ao rapaz uma carta, na qual estipula regras para o relacionamento.
E o jovem Walter, que num primeiro momento parecia ter se repudiado com as imposições de Erika, passa a alimentar os desejos quase "doentios" de sua professora.
Isabelle Huppert e Benoit Magimel receberam prêmios de melhor atriz e ator do Grande Júri do Festival de Cannes por suas interpretações, que são a principal sustentação da história densa e incômoda, adaptada do livro de Elfriede Jenelik.
Embora A Professora de Piano possua erotismo e obscenidade, está longe de ser uma obra pornô, mas uma espécie de retrato do submundo da frustração feminina.