Ouro e Maldição, clássico do cinema mudo dirigido em 1924 por Eric von Stroheim, passará em apenas duas sessões neste sábado e domingo, em cópia inteiramente restaurada. O filme, rebatizado como Ouro e Maldição-Reconstrução, apresenta, em alentadas quatro horas, a versão mais próxima possível à última cópia autorizada por Stroheim.
Isso porque os cortes impostos pelo produtor Irving Thalberg há 77 anos provocaram a perda irreversível de nada menos de 420 minutos deste clássico que, se prevalecesse a vontade do diretor, teria ficado com nove horas -- mas estes anos todos tinha sido visto com apenas 114 minutos.
A façanha desta reconstituição coube ao experimentado restaurador americano Rick Schmidlin, que recuperou 650 fotografias, acrescentando-as ao drama, seguindo estritamente o roteiro original, de 330 páginas.
Sempre respeitando as idéias originais do diretor, Schmidlin foi mais longe do que restaurar as imagens: colorizou, também, alguns fotogramas, como a placa da mina de ouro, as moedas, um canário, enfim, tudo o que era amarelo e servia como símbolo da avareza da protagonista da história.
Um trabalho magnífico de recuperação da memória do cinema e que não é o único deste restaurador apresentado na Mostra.
Também faz parte da programação a versão renovada de A Marca da Maldade, de Orson Welles -- um outro clássico mutilado pelos produtores contra a vontade do diretor e que ganhou de volta 15 minutos de duração. Esta nova versão do filme de Welles terá três exibições, a partir da próxima quarta-feira (24).