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25ª Mostra: Filme de Todd Solondz aborda hipocrisia racial

Segunda, 22 de outubro de 2001, 12h44

Os enormes óculos e o físico franzino de Todd Solondz deixam transparecer de onde provém a fixação do diretor norte-americano pelos adolescentes pouco populares no colégio.

Seu primeiro filme, Bem-Vindo à Casa de Bonecas (1995), divide o espectador entre o riso maldoso e a compaixão pela protagonista, uma garota desajeitada e renegada pelos colegas.

No ótimo Histórias Proibidas, em exibição na 25ª Mostra BR de Cinema, ele deixa um pouco de lado essa perseguição para atacar duramente a apática geração TV.

Para tanto, Solondz divide o filme em duas partes, que ele intitulou como "Ficção" e "Não-ficção".

Na primeira delas, uma jovem se envolve com o professor de redação negro e põe em jogo o namoro com um rapaz vitimado por paralisia cerebral. Nessa primeira metade, a fita discute a hipocrisia e o chamado politicamente correto em relação ao preconceito racial, algo que inteligentemente é chamado de "complexo Benneton", fazendo uma referência às famosas propagandas da grife italiana.

Na segunda e mais saborosa sequência, Solondz mergulha no mundo de um indolente jovem de uma rica família judia, chamado Scooby, cuja única pretensão é trabalhar na televisão como apresentador de talk show.

Por obra do acaso, o menino acaba se tornando centro de um documentário que pretende explorar a juventude atual. Mas Scooby é colocado em segundo plano por um personagem que, de longe, é o melhor da trama: seu irmão caçula.

É ele quem polariza os diálogos mais enfáticos, uma vez que concentra todas as características que, no futuro, deverão fazer dele um exemplo de sucesso na vida.

O menino, que cursa apenas o quinto ano do primeiro grau, se sai melhor nos teste de admissão para faculdades do que o irmão mais velho.

Ele ainda é o pilar da sequência antológica na qual trava um diálogo bastante ácido com a empregada, que encontra chorando no quarto, por ter tido o neto executado por ter cometido estupro e assassinato.

A ironia dá tom ao filme e farpas à sociedade americana são lançadas em todas as direções. A facilidade com que armas de fogo chegam às mãos dos adolescentes e a impostura da matriarca da família que explora a empregada velha e mexicana enquanto tenta angariar fundos para Israel, são dois bons exemplos das alfinetadas.

Reuters

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