A ausência de estrelas no elenco, ganchos de marketing ou inovações estilísticas fazem de Dirt Boy um trabalho difícil de emplacar, mesmo em vídeo ou na TV, mas sua natureza literária fora do comum pode lhe conferir um pouco de status de cult.

A história é baseada num best seller (fictício) intitulado Dirt Boy e que ganhou tanto destaque que uma cidade inteira no Massachusetts, Atwater Commons, foi batizada em homenagem ao autor do livro, Atwater Bridges (Arthur J. Walsh).

O recém-chegado a uma cidade, Matty (Jacob Lee Hedman), um ex-junkie de Nova York, matricula-se num workshop local sobre investigações nos locais de crimes, ministrado pelo misterioso Doutor Klugard (Luca Bercovici).

Incentivado pelos comentários às vezes enigmáticos do professor e por uma versão em áudio de Dirt Boy, Matty começa a seguir passos descritos com detalhes no relato feito no livro de uma série de assassinatos locais.

E adivinhe só: ele começa a topar com os cadáveres decompostos de vítimas supostamente ficcionais! A notícia o transforma em "persona non grata" na aldeia de pescadores de Podunk.

É difícil se deixar convencer pela premissa básica do livro. Afinal, nem mesmo Stephen King tem uma cidade nomeada em sua homenagem. E será que um livro tão famoso teria apenas um fã procurando pistas ocultas em suas páginas?

Num acesso de ironia pós-moderna, os personagens do diretor Jay Frasco a toda hora criticam a qualidade da escrita do livro. Apesar de todo o jargão utilizado, a psicologia explorada no filme - tanto a do assassino, moralmente falido, e do ambivalente detetive amador - é bastante precária.