O novo filme do diretor Julio Bressane, Dias de Nietzsche em Turim, está em cartaz na 25ª Mostra BR de Cinema. O filme evoca fragmentos da passagem de oito meses do filósofo alemão pela cidade ao norte da Itália, um período muito fértil em que escreveu uma infinidade de cartas e diversos livros, entre eles Ecce Homo. Ao final desta fase, porém, o filósofo mergulhou na loucura até sua morte, em 1900.
A complexidade e as contradições do pensamento de Nietzsche, interpretado por Fernando Eiras, são traduzidas por Bressane numa fotografia que combina película em 35 mm em cores e preto-e-branco, e imagens digitais, com uma trilha musical bem-cuidada, na qual introduz também peças compostas pelo próprio filósofo.
"As razões que me moveram a criá-lo ainda são incompreensíveis, em muitos sentidos. No fundo, eu faço um filme para entender essas razões. Para isso, eu preciso ainda assisti-lo várias vezes", explicou Bressane à reportagem enquanto exibia a produção em Veneza, onde a obra foi bem recebida pela crítica.
"É muito fácil apaixonar-se por Nietzsche mas é difícil amá-lo. Sua obra é muito exigente", comentou o diretor.