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25ª Mostra: Verónica Chen filma juventude na Argentina em crise

Segunda, 22 de outubro de 2001, 18h07

A economia argentina pode até ir muito mal, mas o cinema no nosso vizinho vai muito bem, obrigado.

Há uma nova geração de diretores que tem feito das tripas coração para botar nas telas seus novos trabalhos, num país em que não existem leis de incentivo, como no Brasil, nem investidores privados.

Essas dificuldades não impediram o surgimento de sucessos estrondosos de público por lá, como Nove Rainhas (que, em São Paulo, foi visto por 70.000 pessoas) e La Ciénaga.

Uma destas novas criadoras é Verónica Chen, uma bela portenha de 32 anos, filha de mãe italiana e pai chinês, que trouxe para a 25ª Mostra BR de Cinema, em São Paulo, seu primeiro longa-metragem, Vagón Fumador, um agudo retrato dos jovens argentinos, a partir do relacionamento entre um jovem michê (Leonardo Brezicki) e uma cantora (Cecilia Bengolea).

Para a diretora, o rejuvenescimento do cinema argentino se dá principalmente pelo surgimento dessa nova geração de cineastas, que reúne cerca de 15 profissionais.

Sem qualquer fonte de financiamento oficial, os diretores têm de se contentar com verbas do INCA (Instituto Nacional de Cinema Argentino), que subvenciona algumas produções com uma verba que vem, por exemplo, de uma parcela do preço das entradas de cinema. Mas o dinheiro não é suficiente para beneficiar todos os projetos em andamento.

Verónica disse em entrevista à reportagem na segunda-feira que tem usado os festivais internacionais, como o de São Paulo, para se tornar conhecida.

Ela já foi selecionada pela Semana da Crítica do último Festival de Veneza e participou dos festivais de Montreal e Chicago.

O filme Vagón Fumador é forte e a diretora não ameniza nas tintas. Numa das cenas, o garoto de programas usa um caixa eletrônico para seus encontros sexuais.

"Como o personagem é exibicionista, ficar num lugar todo cercado de vidro é como estar num aquário. Ele quer ser visto pelos outros fazendo o que faz", explicou.

Em algumas tomadas, o espectador tem a sensação de que tudo está sendo filmado pela câmera do caixa eletrônico, já que a lente se encontra posicionada no mesmo ângulo.

"Na verdade, eu queria até desligar a câmera dos bancos e colocar a minha no lugar, mas achei que criaria problemas", admitiu.

Como o filme ainda não estreou na Argentina, Verónica não sabe qual será a reação dos bancos, já que os logotipos de várias instituições são expostos durante as cenas de sexo.

Neusa Barbosa/ Reuters

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