Drama sério e simplista evoca o litoral da Nova Inglaterra no inverno e uma situação difícil: uma mulher que precisa revelar sua condição homossexual a seus pais, pessoas de alta classe que vivem em Boston. Graças ao tema acessível e às cenas de sexo realistas, Água Turva certamente vai agradar no circuito gay e lésbico, mas talvez não chegue muito mais longe do que isso. O maior problema de Água Turva é sua atriz principal, a inexpressiva Angela Redman, dona de um belo rosto mas estóica a ponto de não suscitar interesse algum no papel de Casey, uma mulher do Massachusetts que procura livrar-se das expectativas de seus pais de alta classe e, em lugar disso, optar pela pesca comercial.
Infelizmente, ela não conseguiu escapar dos sentimentos de culpa impostos por sua elegante mãe (Annette Miller), que se recusa a deixar que a namorada de longa data de Casey, Alex (Nina Landey, que desenvolve bem o papel), entre na casa da família, nem mesmo no Natal.
O clã familiar significa muito para Casey, e por isso ela a toda hora se dobra às imposições dos pais, sem saber que Alex já está envolvida com seu amado irmão menor, de quem é terapeuta que procura ajudá-lo a livrar-se da dependência de drogas.
A diretora e co-roteirista Lauren Himmel possui sensibilidade para detalhes naturalistas e também para momentos individuais de seus personagens, mas a toda hora tenta apimentar o drama de uma maneira que inspira falta de confiança em seu material. Novos personagens aparecem a todo momento na última meia hora do filme, quando já se torna difícil assimilá-los.
No papel de uma amiga de Casey que fala palavrões a toda hora e se exibe com roupinhas de pele de leopardo e batons malucos, Lysa Apostle acrescenta à história um elemento cômico bem-vindo em meio à atuação desinteressante dos outros atores, que, em estilo da Nova Inglaterra, passam tempo demais olhando fixamente uns para os outros, sem dizer nada.