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25ª Mostra: Terça-feira tem Pelé, padre Cícero e São Paulo

Terça, 23 de outubro de 2001, 18h53

O filme Um Homem a Mais, do italiano Paolo Sorrentino, exibido na competição paralela Cinema del Presente, no Festival de Veneza/2001, é um dos bons destaques de terça-feira na 25ª Mostra BR de Cinema.

Na abertura, uma frase enigmática de Pelé é destacada na tela: "O empate não existe". E, ao longo do filme, o espectador verá que o craque brasileiro tem mesmo razão, pelo menos acompanhando a trajetória dos personagens principais, dois homens que, apesar de terem o mesmo nome, Antonio Pisapia, e morarem na mesma cidade, Nápoles, não se conhecem.

Um deles é jogador de futebol (Andrea Renzi), o outro é cantor popular (Toni Servillo). Por coincidência, os dois sofrem uma derrocada em suas carreiras no mesmo dia, em 1980.

O jogador sofre uma contusão grave, que o tira do futebol, o cantor é flagrado fazendo sexo com uma menor de idade e é excluído do mundo dos shows. Quatro anos depois, eles lutam por uma segunda chance.

O Polêmico Milagre de Padre Cícero
O diretor Wolney Oliveira mistura habilmente documentário e ficção em Milagre em Juazeiro, reconstituição do episódio que motivou a excomunhão do famoso padre Cícero Romão Batista, até hoje venerado como santo na cidade cearense.

Em 1891, a beata Maria de Araújo (a premiada atriz revelação Marta Aurélia) vê transformar-se em sangue em sua boca a hóstia da comunhão dada pelo padre (José Dumont).

O fenômeno se repete várias vezes mas, no final, é considerado uma fraude por uma comissão da Igreja Católica, o que leva à punição do padre Cícero.

O filme foi premiado em diversos festivais, como Brasília, Recife, Cuiabá e Montevidéu.

Um aspecto interessante é como se destaca a ambig idade da figura do padre Cícero, lembrando sua carreira política - como prefeito, deputado federal e vice-governador - e que, apesar de religioso, manteve um exército de jagunços e deu a ninguém menos do que Lampião a patente de capitão e quarenta homens - o que terminou sendo o estopim da trajetória sangrenta do cangaceiro mais famoso do Brasil.

A Solidão e a Marginalidade Paulistana
O filme Urbania, do estreante Flávio Federico, já foi exibido em Gramado e no Festival do Rio BR 2001, e arrebatou elogios de público e crítica.

Agora é a vez da platéia da Mostra conferir um passeio de carro pelas ruas de São Paulo, numa mescla de documentário e ficção.

O diretor entrelaçou a história de um idoso, que viveu no começo dos anos 1950, com depoimentos verídicos de excluídos sociais.

Relatos emocionantes de flanelinhas, prostitutas e trabalhadores de lixões, que circulam nas imagens de uma cidade abandonada, onde o trânsito caótico e a excessiva poluição, juntam-se a belíssimos prédios pouco preservados.

O diretor faz uma mistura agressiva e visceral, e exibe a dura realidade dos moradores da maior cidade da América Latina. A produção conta também com as exímias interpretações dos atores Otávio Augusto e Turíbio Ruiz.

Reuters

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