Curta-metragista de sucesso nos anos 1980, o americano Roger Deutsch, radicado na Itália, resolveu criar seu primeiro longa-metragem a partir de uma história real.Uma história nada fácil, aliás - a trágica vida de irmã Sorriso, a freira belga que em 1963 alcançou os primeiros lugares nas paradas musicais em todo o mundo com a canção Dominique.
Tempos depois, ela abandonou o convento, reassumiu seu nome de Jeanine Deckers e desceu fundo na depressão e no vício das drogas, terminando por suicidar-se junto com sua amante, também uma ex-freira, em 1985.
Interessado no grande potencial dramático desta biografia, Deutsch lutou muito pela realização do filme, atualizando a história e mudando o cenário para a Itália. Ele escalou ainda a jovem atriz italiana Ginevra Colonna. A produção fez sua première mundial na 25ª Mostra BR de Cinema.
"Comecei a pesquisar a vida da Irmã Sorriso, mas não consegui muito material para trabalhar. Na realidade, não se sabe em detalhes quem ela realmente foi ou o que lhe aconteceu. Por isso, resolvi reinventar sua história livremente", disse Deutsch à reportagem.
Segundo o diretor, Irmã Sorriso foi um projeto difícil de ser produzido. "A trajetória da personagem é muito deprimente, e esse tipo de assunto não desperta o interesse em muitos produtores", explicou.
"Tentei produzi-lo quatro vezes. Finalmente, consegui o dinheiro, cerca de 200 mil dólares, com um produtor que já estivera a ponto de filmar a história antes."
Roger Deutsch disse que prefere trabalhar na Itália porque encontra mais liberdade para escolher o tema de seus filmes.
"Hollywood hoje lhe obriga a ter finais felizes. E finais felizes o tempo todo são tão infantis. Acho que há algo profundamente infantil na psique americana", concluiu.