Chega às telas mais uma prova do atual vigor do cinema argentino, amparado na crescente revelação de novos cineastas. Sábado, o primeiro longa-metragem de Juan Villegas, em exibição nesta quinta-feira na 25ª Mostra BR de Cinema, atualiza a postura de Michelangelo Antonioni, numa chave latina e ligeiramente mais cínica.
O filme retrata três casais de jovens cujos relacionamentos se armam e desarmam o tempo todo, num clima que lembra muito Quadrilha, poema de Carlos Drummond de Andrade que fala do eterno desencontro amoroso.
O rosto mais conhecido do elenco é o de Gastón Pauls, o malandro mais jovem do cult Nove Rainhas - visto por mais de 70.000 pessoas em São Paulo.
Na autoparódia mais saborosa da história, ele interpreta o próprio papel, de um ator famoso, mas profundamente inseguro por não saber se as mulheres que o assediam estão realmente atraídas por ele ou se o procuram apenas para contar que tiveram um encontro com alguém conhecido.
Com um gosto sempre ligeiramente amargo, o filme divaga em torno de duas mitologias muito atuais: a crise da comunicação humana e amorosa e a ânsia de ficar perto de uma celebridade nem que seja apenas por algumas horas.