Disco Pigs, filme de estréia de Kirsten Sheridan, filha do roteirista e diretor Jim Sheridan, percorre uma corda bamba entre o poético e o esquisito. Inspirado na peça de mesmo nome de Enda Walsh, o filme, em cartaz na 25ª Mostra BR de Cinema, conta a história um tanto quanto desagradável de dois adolescentes criados em casas vizinhas e habitam um mundo só deles - fechado e potencialmente violento.
Começando pelo nascimento dos dois, o filme procura traçar um retrato completo da vida dos protagonistas para explicar o elo misterioso que os une.
Diferentemente dos personagens principais do clássico Les Enfants Terribles, de Jean Cocteau, em que o filme se baseia, eles não são irmãos.
Nascidos no mesmo dia e no mesmo hospital, tendo chegado ao ponto de ocupar berços contíguos, Sinead (Elaine Cassidy) e Darren (Cillian Murphy) se apelidam um ao outro de Runt e Pig (nanico e porco), grunhem para outras pessoas e se imaginam o rei e a rainha da Cidade dos Porcos.
Aos 16 anos, vão dormir cada um em sua casa, mas com as mãos dadas através de um buraco na parede geminada que os separa.
Desde o começo do filme fica claro que o espectador vai testemunhar uma espiral de violência quando a relação dos dois é ameaçada pelo mundo externo.
Eles se divertem provocando brigas numa discoteca local, quando Sinead dança com alguém e depois faz sinais secretos para que Darren a "salve".
As autoridades decidem pôr fim à ligação pouco saudável dos dois, transferindo Sinead para uma instituição especial no norte do país.
Segue-se uma sequência de violência mais do que previsível. Sheridan faz o possível para conferir textura cinematográfica à história, mas o âmbito emocional do filme em nenhum momento deixa de ser extremamente restrito.