As coisas azedaram em Sandusky, Ohio, onde se passa a história de Gypsy 83, o segundo filme da chamada Trilogia de Sandusky, de Todd Stephens, em cartaz na 25ª Mostra BR de Cinema. Enquanto Edge of Seventeen, o primeiro filme da trilogia, foi um retrato quase humanista de um adolescente de bom coração que descobre ser homossexual, esta sequência, que se passa 16 anos mais tarde é sentimentalista e não chega a envolver o espectador.
Basicamente um "road movie", ou filme que se passa na estrada, a história é privada de atração e dinamismo pelo personagem titular, totalmente destituído de encanto, cuja obsessão central - vestir-se como Stevie Nicks e cantar suas músicas - se equilibra curiosamente entre a cômico e o esdrúxulo.
A presença coadjuvante de Karen Black e da lenda do rock John Doe não foi suficiente para atrair a atenção de potenciais distribuidoras.
Aos 25 anos, mas cabeça de 17, Gypsy (Sara Rue) trabalha num drive-thru de revelação de fotos. Sua vidinha, de modo geral enfadonha, é animada apenas pelas reflexões pensativas de seu único amigo, o adolescente Clive (Kett Turton).
Eles se divertem passeando por cemitérios, que Clive (usando maquiagem gótica) gosta de filmar, e parecem viver presos num lugar com o qual não têm conexão alguma.
Enquanto está navegando na Internet, Clive encontra um convite para uma festa promovida por fãs de Nicks.
A festa será dentro de quatro dias, de modo que Gypsy (incentivada por seu pai roqueiro, Ray) se prepara para viajar com Clive. A outra obsessão de Gypsy é com a decisão de sua mãe de abandonar seu pai e ir para Nova York.
A impressão que fica é que Stephens começou com a intenção de criar uma comédia social, posicionando seus adolescentes às margens de uma América conformista e inconsciente, mas acabou se perdendo nos meandros de seus personagens pouco atraentes.