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25ª Mostra: Terra de Ninguém relata cruel guerra da Bósnia

Segunda, 29 de outubro de 2001, 14h55

Um dos melhores títulos desta 25ª Mostra BR de Cinema e, certamente, um dos mais fortes concorrentes a um troféu do festival é Terra de Ninguém, impressionante filme bósnio assinado pelo estreante Danis Tanovic.

Com os pés firmemente plantados na realidade social, Terra de Ninguém esbanja uma elétrica originalidade para desdobrar um dilema ambientado em 1993, durante a Guerra da Bósnia.

No meio de um nevoeiro na madrugada, um grupo bósnio se perde e acaba bombardeado pelas linhas sérvias. Entre mortos e feridos, o bósnio Ciki (Branko Djuric) e o soldado sérvio Nino (Rene Bitorajac) sobram numa trincheira, num trecho entre as duas linhas inimigas. Um quer matar o outro e as armas para isso mudam de mãos o tempo todo.

Bem ao seu lado, pende a questão mais urgente, um outro bósnio (Filip Sovagovic), que não pode mover-se, porque está deitado sobre uma mina.

Uma missão das Nações Unidas é despachada para resolver o impasse, atentamente observada pelo habitual circo da mídia - e o desenrolar dos acontecimentos serve como comentário da dolorosa incompetência, tanto da política, como dos militares e da imprensa, para resolver os impasses humanos. O trabalho ganhou o prêmio de melhor roteiro no Festival de Cannes/2001.

Curiosamente, embora nada tenha diretamente a ver com o Brasil, este filme nasceu de um encontro ocorrido em São Paulo, durante a Mostra Internacional de Cinema de 1999.

Naquele ano, foram parte do júri da mostra o produtor iugoslavo Cedomir Kolar, o dirigente da Fabrica (braço cultural da Benetton) Marco M ller e a diretora belga Marion H nsel.

Desse contato, nasceu o interesse no roteiro, que pouco antes havia sido encaminhado por Danis Tanovic a Kolar, que mora em Paris.

O produtor já estava encantado com a história e passou-a às mãos de M ller e Marion. Os dois leram o roteiro quase de um fôlego só, comprometendo-se ainda em São Paulo a co-produzi-lo com Kolar - um produtor conhecido por um peculiar faro artístico, tendo em sua bagagem filmes como Antes da Chuva, de Milcho Manchevski (Leão de Ouro no Festival de Veneza/94), e Trem da Vida, de Radu Mihaileanu.

O produtor iugoslavo, aliás, está novamente em São Paulo, como um dos convidados da Mostra, trazendo desta vez a trilogia autobiográfica do diretor do Quirguistão, Aktan Abdykalykov, que inclui O Balanço, O Filho Adotivo (já exibido no Brasil) e O Chimpanzé.

Reuters

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