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25ª Mostra: Amos Gitai revisita Oriente Médio

Segunda, 29 de outubro de 2001, 15h00

As recorrentes imagens de bombas, explosões e centenas de mortos exibidas diariamente nos noticiários transformaram o conflito do Oriente Médio em mais um espetáculo.

Na contramão dessa banalização está o cinema de Amos Gitai (Kippur e Kadosh), cuja experiência traumática de ex-soldado da Guerra do Yom Kippur (1973) foi uma das principais razões pelas quais resolveu se tornar cineasta.

Em Wadi Grand Canyon, em exibição nesta sexta-feira na 25a Mostra BR de Cinema, ele se esquiva das explicações didáticas para se fixar em personagens e, num documento louvável, humaniza as disputas na região através de experiências pessoais, mais eficazes que os constantes apelos antibélicos.

O filme é o terceiro episódio de uma série iniciada em 1981 com Wadi, que teve continuidade com Wadi 1981-1991. Dez anos depois, Gitai volta às montanhosas paisagens do vale Wadi Rushmia para registrar as mudanças ocorridas na vida dos habitantes daquela região.

Desde 1948, quando foi proclamado o Estado de Israel, alguns dos novos imigrante judeus, provenientes principalmente do Norte da África e do Leste Europeu, foram acomodados no Wadi, onde já se encontravam colonos árabes expulsos de suas terras.

Os dois povos excluídos encontraram na solidariedade um meio de sobrevivência mas, ao longo dos anos, essa relação entre palestinos e judeus foi se deteriorando.

Wadi Grand Canyon volta a atestar a intenção de árabes, cansados das duras condições a que estão submetidos, em resgatar a época de coexistência pacífica no local que hoje se encontra deteriorado e vai sendo abandonado aos poucos por seus antigos habitantes.

Sob as ruínas do Wadi, ergueu-se o shopping Grand Canyon como símbolo das desigualdades, num local onde as pessoas tentam viver com o pouco de dignidade que lhes resta e, apesar dos pesares, valorizam sua cultura e tradições.

Um dos personagens, cujos três filhos vivem na América, confirma: "Nasci aqui e vou morrer aqui". Gitai diz ter grande carinho pelo filme, por manter uma forte ligação com a realidade do Oriente Médio, extremamente conflituosa e vulcânica.

Reuters

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