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25ª Mostra: Bully é menos pesado e atraente do que Kids

Segunda, 29 de outubro de 2001, 17h58

Como uma barata saindo de um saco de pipoca, Bully poderia ser descrito como o convidado menos bem-vindo entre os lançamentos do último verão nos Estados Unidos.

Mas, além de representar um novo chamariz para atiçar a ira dos setores que acusam Hollywood de corromper a juventude, Bully dificilmente vai atrair muita atenção dos espectadores dotados de mais discernimento, entre eles os críticos.

Esse relato descaradamente lascivo e totalmente destituído de insight sobre um crime cometido por jovens da Flórida em 1993 prova que o notório fotógrafo Larry Clark nunca será cineasta - nem mesmo artesão de cinema barato - suficiente para criar uma obra verdadeiramente subversiva.

Alternadamente constrangedor, bombástico e pura e simplesmente revoltante, Bully pode suscitar comparações com raios-X sóbrios e amorais da juventude americana como River's Edge ou o documentário Paradise Lost, mas seu lugar real é na longa linhagem de filmes gratuitos sobre jovens, feitos com o exclusivo intuito de chocar, que se estende desde Honky Tonk Girl, Teenage Gang Debs e outros.

Larry Clark já enveredou por essa estrada antes, com seu bem sucedido e escandaloso filme de estréia, Kids, de 1995. Seu trabalho seguinte, Kids e os Profissionais, foi um pouco melhor. Em Bully, porém, ele retrocede para a exploração descarada de seus sujeitos favoritos, os adolescentes. Os moradores da comunidade onde se deram os fatos retratados no filme não vão achar graça nenhuma. O grande público vai simplesmente sair correndo em busca da primeira comédia romântica com Julia Roberts que encontrar pela frente.

Em julho de 1993 foi encontrado em Hollywood, Flórida, o corpo de Bobby Kent, que tinha sido assassinado por um grupo de amigos de quem abusara. Rapidamente localizados pela polícia, os envolvidos no crime receberam sentenças que variaram entre sete anos de prisão e a pena de morte.

Como ficamos sabendo, Kent (Nick Stahl) era um sádico que, desde muito cedo, obrigava seu melhor amigo Marty (Brad Renfro) a participar com ele de experiências radicais com sexo e drogas. A dinâmica de senhor e escravo se estende até as duas garotas que eles chamam para sair com eles, a ninfeta Ali (Bijou Phillips) e sua amiga menos experiente, Lisa (Rachel Miner).

Lisa e Marty se ressentem da dominação de Bobby, que inclui juntar-se à força à transa deles e, mais tarde, a participar do estupro coletivo de Ali.

Quando Lisa engravida, ela decide que não aguenta mais. "Ele é a fonte dos problemas de todos nós... Vamos matá-lo!", diz a garota grávida a Matty. Para isso, eles pedem a ajuda de Donny, Heather e Derek, nenhum dos quais parece parar por um instante para pensar nas consequências de seu ato.

Clark parece estar convencido de que assistir de olhos arregalados à banalidade de adolescentes que vivem em subúrbios ricos constitui uma crítica arrasadora. Mas ele mal consegue evocar o clima desse ambiente, muito menos dissecá-lo.

Os jovens que habitam esse limbo pós-colegial são vistos simplesmente como monstros lascivos, estúpidos e malévolos, desvinculados de qualquer contexto familiar, educacional ou social mais amplo.

Reuters

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