Os críticos o classificam de obra de arte, enquanto os puristas temem que o filme estrague a magia do universo criado por J.R.R. Tolkien. O Senhor dos Anéis: a Sociedade do Anel chega na próxima semana aos cinemas de todo o mundo, em uma aposta arriscada dos estúdios New Line Cinema.Baseado no primeiro livro da trilogia escrita nos anos 50 por Tolkien, A Sociedade do Anel será complementada por As Duas Torres e O Regresso do Rei, que devem estrear, respectivamente, durante o Natal de 2002 e 2003.
Em um esforço sem precedentes na história das epopéias de Hollywood, New Line Cinema decidiu filmar as três histórias ao mesmo tempo para reduzir os gastos de construção de um caríssimo cenário e da mobilização de um enorme elenco.
Dessa forma, o cineasta Peter Jackson dirigiu durante 15 meses os 2.400 atores e figurantes em um isolado estúdio de sua Nova Zelândia natal, em um projeto estimado em 270 milhões de dólares para o conjunto dos três filmes.
O risco é considerável levando-se em conta que, se A Sociedade do Anel for uma decepção, o estúdio, filial da AOL Time Warner, se encontrará com mais dois filmes debaixo do braço e terá algumas dores de cabeça.
"O desempenho desse filme será absolutamente fundamental para o resto da trilogia", explicou à AFP Paul Dergarabedian, presidente da Exhibitor Relations, empresa que analisa a bilheteria americana.
Os críticos, no entanto, se mostram entusiasmados. "É um grande filme, um filme triunfante, uma obra de cinema concebida de forma regozijante, que parece adaptar o clássico de Tolkien com amor e prazer", afirma Lisa Schwarzbaum, da revista Entertainment Weekly, classificando o filme de "artístico" e "inteligente". Peter Travers, crítico da revista Rolling Stone, já designou o filme como o Melhor Filme do Ano.
Protagonizado por Elijah Wood, Ian McKellen, Cate Blanchett, Christopher Lee e Liv Tyler, o filme, com quase três horas de duração narra, com a ajuda de impressionantes efeitos especiais, um conto gótico sobre a luta que opõe o bem e o mal entre hobbits, duendes, magos, trolls e orcs.
Nos míticos tempos pré-históricos, o jovem hobbit Frodo recruta um exército de fantásticas criaturas para destruir um anel mágico que permitirá ao malévolo Lord Sauron escravizar os habitantes da Terra Média.
A expectativa dos fanáticos por Tolkien em relação à estréia do filme é tanta que, quando a New Line ofereceu o trailer na internet, em abril de 2000, 1,7 milhão de pessoas visitaram o site no primeiro dia e 6,6 milhões na primeira semana.
No entanto, alguns temem que a adaptação de Hollywood, a agressiva campanha de marketing e mais de 40 produtos derivados do filme quebrem a magia da história. "Todos os produtos derivados ofuscam a aura literária da história", afirma David Mullich, co-fundador de um clube de fã de Tolkien.
"Acho que muitos seguidores de Tolkien em todo o mundo estão conscientes do impacto que estes filmes terão em nosso pequeno mundo (...) e acho que algumas pessoas o acharão de mal gosto", assinala seu colega Ted Tschopp.
O filme estreará simultaneamente em 10.000 cinemas de todo o mundo no próximo dia 19 de dezembro, e, enquanto isso, milhares de fãs impacientes estão reservando seus lugares antecipadamente. "As vendas de entradas são grandes, não estão no mesmo ritmo que Harry Potter, mas estamos vendendo milhares por dia", afirmou uma porta-voz da AOL Moviefone.
E é claro que as comparações entre os filmes, baseados em livros de grande sucesso de autores britânicos sobre mundos fantásticos, alvos de adoração de seus seguidores, precursores de sagas apaixonantes, inspiradores de centenas de brinquedos e produzidos pela AOL Time Warner, acabam sendo inevitáveis.